Importantes cientistas lançaram-se à arena política nesta quinta-feira (06/12) lançando um alerta na conferência da ONU sobre mudança climática para que a humanidade faça cortes profundos nas emissões de gases do efeito estufa. Os EUA, no entanto, continuam a se recusar a aceitar cortes obrigatórios, a despeito da crescente pressão, interna e externa. Mais de 200 especialistas emitiram uma declaração na reunião de Bali, pedindo um corte de 50% nas emissões até 2050 - uma rara sugestão direta dos cientistas, que vinham se limitando a apresentar dados e evidências, sobre a condução da política.
Os pesquisadores tinham por objetivo estimular as negociações, que devem se estender por dois anos, do acordo que sucederá o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. O pacto em vigor requer que 36 países reduzam suas emissões em 5% sobre os níveis de 1990. Delegados de cerca de 190 países estão reunidos em Bali para a conferência de duas semanas sobre o tema. O encontro dividiu-se entre dois campos, com uma maioria apoiando cortes obrigatórios e oponentes, como os EUA, combatendo a idéia, dizem delegados.
Os EUA são o maior produtor de gases causadores do efeito estufa e a administração atual do país ainda resiste a adotar restrições estritas, a despeito da aprovação, por um comitê do Senado americano, de uma lei que prevê cortes de 70% na poluição gerada por usinas termoelétricas, transportes e fábricas até 2050. Representantes do governo americano dizem que nem os desdobramentos no Senado, nem a decisão da Austrália de aderir ao Protocolo de Kyoto - abandonando o lado dos EUA na questão - teriam impacto na posição do governo Bush.
(Estadão Online,
Ambiente Brasil, 07/12/2007)