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gestão de resíduos
2007-12-07

A Comissão Especial do Lixo – Ações para Sustentabilidade, presidida pelo deputado Kalil Sehbe (PDT), realizou, no final da manhã desta quinta-feira (06/12), audiência pública para tratar do tema resíduos sólidos na área empresarial e industrial. Entre os convidados, André Vilhena, do Compromisso Empresarial com a Reciclagem (Cempre), de São Paulo; Paulo Antunes de Oliveira Rosa, do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) do Senai; e Aladir Vitola, do Centro das Indústrias de Reciclagem e Transformação, Recuperação de Plásticos e Similares da Região Sul. “Queremos, ao final dos trabalhos, no relatório, sugerirmos conclusões propositivas”, adiantou Sehbe. O encontro aconteceu na sala Salzano Vieira da Cunha da Assembléia Legislativa.
Vilhena explicou que o Cempre promove o gerenciamento integrado do lixo sólido da cidade de São Paulo e promove a reciclagem pós-consumo, além de difundir educação ambiental. São 23 empresas que integram e mantêm o Cempre, entre elas, Gerdau, Coca-Cola e Pão de Açúcar. “Os grandes responsáveis pela coleta seletiva no Brasil são os catadores, trabalhando de forma autônoma ou na forma de cooperativas”, afirmou o especialista. “Para cada 10 toneladas de lixo coletivo coletadas, oito são coletadas por catadores ou sucateiros. Apenas duas toneladas são recolhidas por programas oficiais”, completou. “O modelo brasileiro de sucesso é a separação entre secos e úmidos, que otimiza a eficiência do sistema”, esclareceu Vilhena. Ele contou que, no Brasil, apenas 327 municípios realizam a coleta seletiva. Apesar disso, ocupa posição de destaque entre os países em desenvolvimento em termos de reciclagem.

O representante do Cempre defendeu a organização de cooperativas de catadores como forma de melhorar as condições de trabalho, de educar e de conscientizar os trabalhadores. Segundo Vilhena, são 800 mil catadores no Brasil. Destes, apenas 35 mil estariam organizados em cooperativas. “Apoiamos cooperativas em várias partes do Brasil e já temos casos de catadores que chegam a ganhar R$ 1,5 mil por mês nesta atividade”, revelou. E sugeriu a adoção, tanto no Estado quanto nos municípios, do ICMS ecológico, ou seja, de um diferencial no repasse do imposto para aqueles lugares que têm planos de gestão ambiental. “Temos preocupação com o baixo aproveitamento da matéria orgânica, que não chega a 3% no Brasil. E este é um dos resíduos com maior efeito em termos de poluição de meio ambiente”, acrescentou Vilhena.

Oliveira Rosa falou sobre alternativas para resolver o problema dos resíduos sólidos. “O que é resíduo hoje pode ser matéria prima para alguma empresa amanhã”, ponderou. Ele explicou que o CNTL objetiva reduzir a emissão de resíduos e trabalha na capacitação de pessoas. O conceito do Programa de Produção Mais Limpa foi citado pelo especialista. “Utilizando critérios técnicos, econômicos e ambientais, procuramos reduzir a produção de resíduos em qualquer atividade humana, mas também na área industrial, do consumo de água e do consumo de energia”, disse. “Nosso enfoque está em prevenir e em evitar o lixo”.

Vitola ressaltou que a indústria de reciclagem do Brasil teve de se qualificar para competir com o produto das outras indústrias. “Este segmento emprega pessoas com qualificação profissional muito baixa e em situação social difícil”, relatou o convidado. “Damos dignidade aos nossos funcionários. Para se manter em funcionamento, uma empresa que emprega hoje 200 funcionários, precisa, no mínimo, de mil pessoas trabalhando como catadores.” Vitola pediu um trabalho de valorização do segmento de reciclagem por parte das autoridades governamentais, semelhante ao que acontece na Europa hoje, que oferece subsídios à esta indústria.  

(Por Vanessa Lopez, Agência de Notícias AL-RS, 06/12/2007)


 


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