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desmatamento
2007-12-07
Aqui na ilha de Sumatra, há cerca de 1.600 quilômetros da conferência sobre mudanças climáticas que está acontecendo em Bali, existem as florestas que estão desaparecendo mais rápido do mundo. Olhar para essa ampla devastação de troncos carbonizados e mato seco faz a luta para salvar as florestas da Indonésia parecer quase impossível.

“O que podemos fazer para parar com isso?” disse Pak Helman, 28 anos, um camponês aqui na província de Riau, analisando a cena de seu barco de madeira. “Sinto-me perdido e abandonado”. Nos últimos anos, dezenas de empresas de papel chegaram em Riau, que não tem nem o tamanho da Suíça, e conseguiram generosas concessões do governo para cortar madeira e criar plantações de palmito. Os resultados fizeram com que os locais entrassem em pânico.

Há apenas cinco anos, disse Helman, ele lucrava quase US$ 100 por semana pegando camarão. Agora, ele diz, o desmatamento envenenou os rios passando pelo coração de Riau, e ele tem sorte de encontrar camarão para ganhar US$ 5 por mês. Respondendo a demanda global por óleo de palmito, que é usado para cozinhar, para cosméticos e cada vez mais no popular biodiesel, as empresas estão tomando qualquer terra que elas podem.

Felizmente, do ponto de vista de Helman, a questão do desaparecimento das florestas de se tornou global. Agora, ele é voluntário do Greenpeace, que estabeleceu uma base em sua vila para monitorar o que ele chama de iminente bomba de carbono indonésia. A destruição de florestas, que faz com que o carbono guardado nas árvores seja liberado na atmosfera, agora é responsável por 20% das emissões de gases poluentes do mundo, segundo cientistas. E a Indonésia libera mais dióxido de carbono pelo desflorestamento do que qualquer outro país.

Dentro da Indonésia, a situação é mais crítica em Riau. Nos últimos 10 anos, quase 60% das florestas das províncias foram desmatadas e queimadas, de acordo com Jikalahari, um grupo ambiental local. “Isso é muito sério – o mundo precisa agir agora”, disse Susanto Kurniawan, coordenadora do Jikalahari que regularmente faz a dolorosa viagem para dentro da floresta pela cidade de Pekanbaru, passando por longas fileiras de caminhão carregando palmito e madeiras. “Em poucos anos será tarde demais”.

A taxa de desflorestamento está aumentando o preço do óleo demais, fazendo com que mais indústrias se voltem ao biodiesel feito dele que, em teoria, é mais amigável ao planeta. Mas seu uso está causando mais mal do que bem, de acordo com grupos ambientais, porque as empresas cortam e queimam muitas árvores para abrir caminho para as plantações de palmito. Ainda mais significante, a queima de moitas também para abrir caminho para as plantações libera cerca de 1.8 bilhão de toneladas de gases poluentes por ano, segundo oficiais do Greenpeace.

Mas também é em Riau que uma nova estratégia para conservar florestas em países em desenvolvimento pode começar. Uma pequena área da floresta remanescente de lá se tornará um teste caso o plano de mercado internacional de trabalho chamado REDD (sigla em inglês) for adotado. REDD, ou Redução das Emissões por Desflorestamento e Degradação das Florestas, será um dos principais pontos de discussão na Conferência de Bali. Essencialmente, envolve pagamentos feitos por países desenvolvidos para os em desenvolvimento para cada hectare de floresta que eles não cortarem.

A Indonésia, presa entre seu próprio interesse financeiro na indústria de palmito e os pedidos internacionais crescentes para conservação, está promovendo o plano da troca de carbono durante meses. Mas existem muito céticos, com dúvidas de que seja possível medir quanto carbono está sendo conservado - e de se as terras envolvidas possam ser protegidas de desmatamento ilegal e corrupção.

Desmatamento ilegal é comum na Indonésia, e apesar do governo ter processado vários casos nos últimos anos, ele diz que não pode estar em todo lugar. Empresas nessa área remota estão cultivando terra legalmente para vendê-las pelo governo da Indonésia, mas mapas de seus projetos obtidos pelo Greenpeace indicam que muitos entraram em áreas protegidas.

Os críticos dizem que a corrupção é a maior preocupação. O madeireiro ilegal mais famoso da Indonésia, Adelin Lis, que trabalha ao norte de Sumatra, foi preso esse ano, mas absolvido por um tribunal em Medan, a capital da província. Então ele deixou o país.

O gabinete do promotor-geral abriu uma investigação de corrupção em juízes e na polícia em Medan, e diz que existem muitos casos similares. “Há várias investigações em curso de corrupção que permitiu que os cortadores ilegais de toda a Indonésia fossem soltos”, disse Thomson Siagina, um porta-voz do promotor-geral. “Em uma indústria tão lucrativa, subornos são comuns”.

Na Conferência de Bali, o Centro de Pesquisa em Madeira, um grupo ambiental dos EUA, apresentou pesquisas mostrando que novas tecnologias de satélite podem tornar mais fácil de rastrear cortes ilegais. Relatórios “mostram que imagens de radar de novos sensores colocados recentemente em órbita podem resolver o problema de monitorar reduções no desflorestamento tropical, que antes tinha um grande obstáculo das nuvens que cobriam os sensores ópticos”, disse John P. Holdren, diretor do centro.

Tais progressos são boas notícias para Helman, o morador de Riau que, usando seu barco de madeira, vem transportando vários ambientalistas e jornalistas estrangeiros para dentro e para fora da floresta nas últimas semanas. “Estou muito agradecido pela atenção recente”, ele disse, brigando com o motor. “Às vezes parece tarde demais. Mas eu vejo esperança agora”.

(Por Peter Gelling, The New York Times, 06/12/2007)




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