O táxi de Louis Palmer custa praticamente o dobro de uma Ferrari e chega apenas a 90 km/h, mas pode entrar para a história por ser o primeiro carro a dar a volta ao mundo com energia solar. Palmer, um professor suíço de 35 anos que saiu de Lucerna em julho, parou em Bali para difundir o projeto entre os 10 mil participantes da reunião climática da ONU, que vai até o dia 14.
- É a primeira vez na história que um carro está dando a volta ao mundo sem usar uma única gota de petróleo - este carro está andando inteiramente com energia solar - disse junto ao triciclo azul e branco, que puxa um reboque com seis metros quadrados de painéis solares.
O suíço já percorreu 14,4 mil km em 17 países, como Romênia, Turquia, Síria e Índia. Isso significa que ele já andou um terço do trajeto, que deva passar também pela Austrália, parte da América Latina, Estados Unidos, norte da África e de volta à Europa, dentro de aproximadamente um ano.
A distância coberta em terra será mais do que uma volta sobre a linha do Equador. Em alguns trechos, porém, Palmer depende de balsas movidas a petróleo, como foi o caso no deslocamento da Índia à Indonésia. Além disso, ele tem um veículo de apoio movido a gasolina.
Sobre o veículo há a inscrição "táxi", e Palmer quer colocar passageiros gratuitamente no outro assento disponível.
- Peguei um carona bêbado na Hungria, mas também tive o príncipe Hassan, da Jordânia, dentro do carro - contou.
Em Bali, ele já está "contratado" para apanhar o diretor do Programa Ambiental da ONU, Achim Steiner, no aeroporto.
- Quero conscientizar as pessoas de que há aquecimento global, mas que também há opções - disse Palmer.
Seu carro é um exemplo das alternativas ao petróleo que estão sendo discutidas na reunião da ONU em Bali, cujo objetivo é iniciar as negociações por um tratado contra as mudanças climáticas para entrar em vigor em 2013, quando expira o Protocolo de Kyoto. Palmer diz que seu veículo custaria cerca de 8.900 dólares caso fosse produzido em massa, mas que se forem levados em conta os gastos de patrocinadores e amigos o valor desse exemplar único chegou a quase o dobro de uma Ferrari.
- A velocidade máxima é 90, mas no tráfego urbano as Ferraris vão a 50. Que nem eu - disse.
O carro tem nove metros de comprimento, incluindo o trailer com os painéis, e pesa 700 kg. Palmer admite que "trapaceia" se a jornada diária excede os cem quilômetros - precisa então usar uma bateria reserva, também carregada com energia solar. Na Síria, o veículo se envolveu numa colisão, e depois disso o ministério local dos Transportes decidiu que ele precisaria de tratamento especial.
- Aonde eu ia, havia escolta policial com motos e luzes piscando - contou.
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Jornal do Brasil, 05/12/2007)