Rio Grande - Ontem à tarde, a Votorantim apresentou às lideranças rio-grandinas e à comunidade o resultado do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) na região. O evento, realizado no auditório da Câmara de Comércio, apresentou os resultados do estudo que envolveu mais de 100 técnicos da região, pertencentes à ONGs e universidades, entre elas, a Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), responsável pela avaliação socioeconômica.
Segundo o gerente de Meio Ambiente da Votorantim, Fausto Camargo, até a audiência pública oficial - que ocorrerá dia 17, em Pelotas, - a Votorantim está apresentando seus resultados em todas as cidades da região, num total de 40 reuniões entre entidades comunitárias e órgãos públicos.
O EIA é um estudo multidisciplinar, feito para analisar os efeitos do empreendimento nas dimensões ambientais, econômicas e sociais. Avalia a viabilidade da localização do empreendimento, atendendo a Legislação (federal, estadual e municipal) e informando a comunidade sobre possíveis impactos, servindo de instrumento para o licenciamento ambiental. O Estudo de Impacto Ambiental abrange uma área de 200 mil hectares, sendo 110 mil de efetivo plantio (80% são áreas próprias e 20% de terceiros). Segundo o documento, as florestas cobrirão apenas 2% da região estudada.
Região adequada
A avaliação apontou que a região é adequada para o empreendimento, os impactos são passíveis de controle ou potencialização e os benefícios são muito importantes para o sul do Estado.
Para o prefeito Janir Branco, o esclarecimento de algumas questões ambientais fortalece ainda mais o desejo de o Município integrar-se neste novo setor de desenvolvimento econômico. "Apostamos neste investimento e ficamos mais seguros após vislumbrarmos este estudo, que apontou favorável posição em relação à silvicultura. Esperamos não só que os agricultores da região sejam beneficiados, mas também todo o Rio Grande, caso a unidade da indústria seja construída em nosso território", explica ele, lembrando que Rio Grande concorre com mais cinco cidades da região, participando das reuniões com a Votorantim.
O estudo ainda não foi aprovado pela Fepam, que solicitou algumas modificações. No próximo dia 17, o EIA será apresentado à comunidade da região, durante audiência pública em Pelotas, no Sest/Senat (avenida Ildefonso Simões Lopes, 1206, Três Vendas).
Principais impactos e medidas mitigadoras/compensatórias
Meio físico - abertura de estradas controlada, com mínima geração de poeira; maior controle dos processos erosivos; não haverá alteração na qualidade das águas superficiais e subterrâneas; balanço hídrico sem déficit.
Meio biótico - adequado manejo e monitoramento das espécies ameaçadas; respeito às áreas de preservação e reservas legais e incentivo à criação de unidades particulares de preservação; incentivo a outras culturas agrícolas e pecuária entre a silvicultura; criação ou formação de rotas ou corredores ecológicos de campo.
Meio socioeconômico - haverá grande benefício para o setor terciário; aumento significativo de arrecadação de impostos nos municípios da região; geração de empregos diretos e indiretos.
Poupança Florestal
No programa Poupança Florestal, em mais de 80% das propriedades os plantios previstos de eucalipto ocuparão uma área inferior a 30 hectares, pulverizando na área de 5 milhões de hectares das quatro bacias hidrográficas onde se situarão 20 mil hectares com eucalipto. Este plantio corresponde a 2,5% da área total dessas bacias, restando igual recomendação pela manutenção do atual sistema de dispersão dos plantios de eucalipto, evitando a formação de grandes maciços florestais contínuos. Atualmente, a Votorantim já desempenha seus programas de monitoramentos em áreas de preservação localizadas em meio à silvicultura.
Rio Grande é a cidade com menor número de fazendas
De acordo com Camargo, Rio Grande é o Município com o menor número de fazendas destinadas à silvicultura. Uma das hipóteses é a proximidade das áreas com a Reserva Ecológica do Taim. "Os agricultores que possuem áreas de atuação da Votorantim passam por um curso de três dias antes de iniciarmos o processo. Isso para que eles tenham todo o conhecimento necessário, inclusive sobre como deverá ser feito o plantio e suas áreas de preservação", explica.
Segundo o Estudo de Impacto Ambiental, o Taim é um das duas unidades de preservação localizadas na região, onde deverão ser feitas ações compensatórias ao ecossistema campestre, "além de apoiarmos a criação de novas unidades de preservação", garante Camargo.
(Por Mônica Caldeira, Jornal Agora, 06/12/2007)