Hoje, às 14h, a comunidade debate a poluição no Município em audiência pública que acontecerá no plenário da Câmara Municipal.
Moradores, principalmente de bairros próximos ao Distrito Industrial do Rio Grande, têm sofrido com a constante fumaça e o mau cheiro ocasionados por fábricas de fertilizantes. Além da fumaça largada por estas indústrias, a poluição afeta também o pescado. Rio Grande passa por uma das piores safras dos últimos anos, fato levantado, inclusive, pela Secretaria Municipal da Pesca.
Segundo o vereador Jair Rizzo (PSB), a falta de esgoto tratado - cerca de 85% da cidade - não conta com o serviço básico e também contribuiu para a poluição de locais como os canais de São José do Norte e Rio Grande, além do Saco da Mangueira. "Desde 1996, venho trabalhando pela extensão de esgoto, obra contemplada pelo PAC Saneamento. Mas, ainda na década de 90, entreguei ao Ministério Público um estudo da Furg apontando o grau de poluição no estuário. Todos os pontos foram fotografados", explica o parlamentar.
O estudo, intitulado Identificação das Possíveis Fontes de Contaminação das Águas que Margeiam a Cidade do Rio Grande, foi realizado pelas professoras da Furg Maria Tereza Almeida, Maria da Graça Baumgarten e Rubia Maria Rodrigues.
O relatório, de 1993, aponta 12 focos de possíveis áreas comprometidas pelo esgoto industrial. "O Ministério Público, em muitas vezes, interfere em empreendimentos que possam estar ameaçando o meio ambiente, o que considero o procedimento correto. No entanto, por que este descaso com nosso estuário?", questiona Rizzo.
O vereador atribui, inclusive, a falta do pescado como uma das conseqüências do descaso com a poluição no estuário, além da pesca predatória. "Em outras épocas, os pescadores lançavam suas redes em locais rasos e tinham um bom retorno. Atualmente, somente as grandes embarcações têm condições de lutar pelos últimos exemplares, visto que a poluição condenou locais indispensáveis à procriação da espécie", explica Jair Rizzo.
O que consta no estudo
"Os efluentes domésticos e industriais de pescado contribuem com a introdução de carga orgânica e bacteriana. (...) Nessas condições, as águas marginais podem sofrer processos de eutroficação e, como conseqüência, pode haver comprometimento na qualidade dessas águas para a população de pescadores que as utilizam para sua própria subsistência", consta.
(Por Mônica Caldeira, Jornal Agora, 06/12/2007)