Num ato simbólico, os ambientalistas do Projeto Tamar comemoraram, ontem pela manhã, a marca de nove milhões de tartarugas marinhas soltas no mar, em 27 anos de trabalho. A comemoração na Praia do Forte, município de Mata de São João, foi antecedida pela inclusão do projeto ambiental e de outros quatro – Peixe-Boi Marinho, Baleia Jubarte, Baleia Franca e Golfinho Rotador – no programa de planejamento estratégico integrado de conservação da biodiversidade marinha patrocinado pela Petrobras.
Até o ano de 2015, a empresa irá investir R$25 milhões nos cinco projetos, contemplados através de seleção pública. Participaram da solenidade de lançamento do programa o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a secretária estadual da Casa Civil, Eva Chiavon.
“É fundamental minimizar ao máximo os impactos negativos da ação humana na natureza. Mesmo sabendo ser impossível chegar a um nível de impacto zero”, disse Gabrielli. O objetivo da ação é contribuir para dar aos projetos de biodiversidade marinha uma dimensão estratégica e uma estabilidade ainda maior, de forma a obter excelência em gestão.
As instituições envolvidas desenvolverão planos de gestão para o período de cinco anos, com detalhamento para os três primeiros, a partir de análise de cenários previstos para daqui a uma década. “Nós não podemos sacrificar recursos naturais para atender a demandas de lucros que duraram poucas décadas”, declarou a ministra Marina Silva. A pasta que ela comanda participará do programa através do recém-criado Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Tamar – Durante a solenidade, foi divulgado também o aumento significativo da população de tartarugas de três das cinco espécies que habitam a costa brasileira: cabeçuda (Caretta caretta), de pente (Eretmochelys imbricata) e oliva (Lepidochelys olivacea). As três, ao lado da tartaruga de couro (Demochelys coriacea), desovam no litoral e estão ameaçadas de extinção. A única de população estável é a tartaruga verde (Chelonia mydas), pois esta desova nas ilhas oceânicas, a exemplo de Fernando de Noronha, em Pernambuco.
A recuperação das três espécies de tartarugas marinhas deve-se muito à atuação de 27 anos do Projeto Tamar. Foram nove milhões de filhotes de levados ao mar neste período. “Através de estudos em parceria com universidades e centros de pesquisa do Brasil e no exterior, verificamos, pela primeira vez, um aumento da população em sete vezes da tartaruga-de-pente, nove vezes da cabeçuda e 15 vezes da espécie oliva”, informou o coordenador geral do Projeto Tamar, Guy Marcovaldi.
Projetos ContempladosTamar – Criado em 1980, o Projeto Tamar se dedica à preservação das tartarugas marinhas ao longo da costa brasileira. Está presente em noves estados, com área de proteção superior a mil quilômetros da costa.
Peixe-Boi – Promove o estudo e a preservação do peixe-boi marinho, considerado o mamífero mais ameaçado de extinção no país. Estima-se que existam cerca de 500 exemplares da espécie no litoral das regiões Norte e Nordeste.
Baleia Jubarte – Promove na Praia do Forte projetos de conscientização ambiental de turistas e moradores da região em relação à importância de se preservar as baleias jubarte, que, entre julho e novembro, se reproduzem nas águas quentes da Bahia.
Baleia Franca – Baseado no litoral de Santa Catarina, visa à preservação e à pesquisa da segunda espécie de baleia mais ameaçada do planeta, que voltou a freqüentar o litoral da região Sul.
Golfinho Rotador – Com base na Ilha de Fernando de Noronha (PE), o projeto objetiva a preservação do comportamento natural desta espécie de golfinhos, além da promoção do desenvolvimento sustentável na região e a conscientização ambiental dos moradores da ilhas e dos turistas.
(Flávio Costa
, Correio da Bahia, 06/12/2007)