O presidente da Associação Comercial do município de Arame, cidade maranhense no extremo leste da Terra Indígena Araribóia, Ademar Magalhães, contestou o diagnóstico de agentes da Fundação Nacional do Índio e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de que a cidade é principal pólo devastador da floresta na área.
“Temos apenas cinco serrarias que não respondem por 0,5 % da madeira extraída ilegalmente da área." Segundo o dirigente lojista, em outras cidades, como Buriticupu, o problema seria mais grave.
As serrarias de Arame foram lacradas por agentes da Operação Araribóia, que envolve 200 agentes de fiscalização e de policiamento no combate à extração ilegal de madeira, aos incêndios criminosos e a plantações de maconha dentro da terra indígena de mesmo nome. Na área de 413 mil hectares vivem oito mil índios da etnia Guajajara e 50 isolados da etnia Guajá.
Em entrevista à Agência Brasil, Magalhães, que vive na região há 31 anos, se queixou de que a divulgação da operação dá à cidade uma imagem ruim. Ele lembrou existirem lá pessoas hospitaleiras, mas também admitiu preocupação com a criminalidade. Para ele, a situação teria sido amenizada após a chegada dos agentes de segurança.
“Vivíamos entregues às moscas, como vítimas de quadrilhas. Na rodovia MA-006 tinha assalto toda semana. Hoje, com mais policial por aqui, alguém pode sair arrastando mala de dinheiro que ninguém incomoda”. A atuação dos criminosos seria facilitada pela possibilidade de se infiltrarem na área indígena por estradas vicinais e trilhas abertas, onde se escondem.
Segundo Magalhães, predominam na economia de Arame a pecuária e a agricultura, mas a cidade ainda carece de melhor infra-estrutura urbana. Ele disse que o município foi governado por muitos anos por uma oligarquia que não se interessava em promover desenvolvimento. Magalhães teme pela segurança dos moradores quando a Operação Araribóia chegar ao fim: “Na ausência deles (agentes de policiamento) os bandidos podem querer entrar aqui com mais fome”.
(Por Marco Antônio Soalheiro,
Agência Brasil, 05/12/2007)