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2007-12-06
No terceiro dia da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontece na ilha Indonésia de Bali, diversas organizações aproveitaram a visibilidade do encontro para levar suas propostas para combater as alterações climáticas. Ao mesmo tempo, as ONGs também aproveitam o encontro para fazer campanhas criativas e irreverentes em Bali. O "urso polar" do Greenpeace percorre todos os dias os corredores do centro de convenções para alertar sobre o degelo das regiões glaciais.

O Greenpeace também instalou um termômetro de seis metros de altura que lembra os participantes do encontro sobre a obrigação de chegar a um consenso para evitar que a temperatura continue subindo. A ONG Avaaz decidiu levar um pouco de ironia e entregar o prêmio "Fóssil do Dia" à delegação do país que fizer a pior proposta na conferência. Na terça-feira (04) o prêmio foi dado ao Japão, por propor que se avance além de Kyoto sem mencionar limites de emissões, considerada "o coração" do protocolo pela ONG.

Propostas
Entre as propostas apresentadas nesta quarta-feira (05), a ONG GCAP (Campanha Global contra a Pobreza, na sigla em inglês) defendeu um compromisso global para reduzir as emissões em pelo menos 80% sobre os níveis de 1990 até o ano 2050. O objetivo é ambicioso, considerando que a proposta mais ousada até agora partiu da UE (União Européia), que propôs reduzir suas emissões em 30%.

O porta-voz da GCAP, Ben Margolis, advertiu que não se pode resolver a questão ambiental sem enfrentar o problema da pobreza. Ele denunciou que o aquecimento do planeta está ampliando a distância que separa ricos de pobres, segundo informa a agência de notícias indonésia "Antara". A conservação da diversidade também foi tema do discurso de ONGs, que advertem sobre o perigo de desaparecimento de algumas ilhas causadas pela elevação do nível do mar e para os danos que o desmatamento causa no mundo todo.

Na terça-feira, o Greenpeace já havia levado sua proposta para combater o desmatamento. A ONG pede que seja criado um fundo de US$ 14 bilhões para preservar florestas tropicais.

Objetivos
Em artigo publicado pelo jornal "Washington Post", o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, diz que a intenção do encontro em Bali é definir uma agenda de negociações para, em dois anos, estabelecer novas coordenados para combater as alterações climáticas. A preocupação se deve pelo fato de que o atual acordo internacional sobre emissões de gases do efeito estufa --o Protocolo de Kyoto-- vence em 2012.

Ele cita o mais recente relatório publicado pelo IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês), que apontou impactos "irreversíveis" da mudança climática para lembrar que os cientistas fizeram sua parte e que, em Bali, é a vez dos políticos fazerem a deles.

Novo acordo
Entre as questões que devem ser negociados durante a conferência em Bali está o financiamento de mecanismos de "adaptação" que ajudem os países não desenvolvidos a enfrentar as conseqüências da mudança climática.

Para Stéphanie Long, coordenadora da Amigos da Terra Internacional, os países ricos devem pagar aos pobres pelos prejuízos causados pela mudança climática e é obrigação deles apoiar as comunidades mais vulneráveis. O Walhi, fórum indonésio do meio ambiente, pediu que se exclua o que eles chamam de "corretores do carbono" das negociações de Bali.

Segundo a Walhi, as empresas e organismos que administram e participam do mercado internacional do carbono --em que países industrializados compram direitos de emissão dos menos desenvolvidos-- não devem participar de Bali já que "pensam exclusivamente no negócio das florestas". A Walhi pede reduções de 40% nas emissões dos países industrializados que ratificaram Kyoto e exige da comunidade internacional que pressione os Estados Unidos para que se comprometam a reduzir as suas.
(Folha Online, Ambiente Brasil, 06/12/2007)


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