Alternativas para ampliar a oferta de água no semi-árido nordestino, tanto destinada ao consumo humano e animal quanto à geração de energia elétrica, foram debatidas nesta terça-feira (04/12) durante seminário que reuniu, em Recife, engenheiros, empresários, pesquisadores, estudantes universitários e representantes de empresas públicas e privadas.
Segundo o economista Josué Mussalém, água e energia são temas estratégicos que interferem no desenvolvimento de todos os países do mundo. Ele disse que a idéia do evento, promovido pela Fundação Gilberto Freyre em parceria com o governo do estado, foi fazer projeções sobre a oferta de água em uma região marcada pela escassez de chuvas.
O engenheiro João Suassuna, pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, apresentou durante o encontro uma visão contrária ao projeto, do governo federal, de integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional. Ele justificou que o Nordeste possui água acumulada em mais de 70 mil represas, acrescentando que falta viabilizar uma política de distribuição desse insumo para a população que habita o semi-árido.
“O estado do Ceará, por exemplo, tem a represa do Castanhão com mais de 6 bilhões de metros cúbicos de água, mas a população que vive no entorno passa sede. Entendemos que o problema do abastecimento hídrico deve ser resolvido por meio do uso de adutoras e não com a construção de canais que não irão solucionar a falta de água para as populações abastecidas com frotas de carros pipa. As águas da transposição vão favorecer o agronegócio, a criação de camarão, irrigação de frutas e indústrias”, declarou.
Já o economista da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Huseyin Miranda, disse que o projeto de transposição do Rio São Francisco vai reduzir a insegurança hídrica para uma população de 12 milhões habitantes do semi-árido junto com outras soluções.
“O complemento será feito com cisternas, açudes, barragens e operação adequada dos atuais reservatórios", disse Miranda que ainda assegurou que o rio não sofrerá prejuízo com a transposição das águas.
“O São Francisco foi beneficiado com a revitalização que receberá, até 2010, recursos de R$ 1,3 bilhão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para projetos de saneamento de esgotos, contenção das margens, reflorestamento, entre outros”.
Outros três eventos com o mesmo tema deverão ser realizados, no próximo ano: um em Fortaleza, outro em Natal e o último em Salvador.
(Por Marcia Wonghon,
Agência Brasil, 05/12/2007)