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desmatamento da amazônia
2007-12-06
País defende proposta ainda pouco popular para incentivar redução do desmatamento

A insistência em uma política de redução do desmatamento em países em desenvolvimento (Redd, na sigla em inglês) baseada em um fundo para projetos nacionais pode isolar a delegação brasileira na conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Bali, na Indonésia.

O alerta foi feito nesta quarta-feira à BBC Brasil por fontes que participam das negociações no encontro e reforçado por organizações não-governamentais (ONGs).

A proposta brasileira de Redd compete por apoio com a proposta apoiada pela chamada Coalizão das Florestas Tropicais (Tropical Rainforest Coalition), que reúne quase 40 países. O grupo defende a criação de um novo mecanismo de redução de desmatamento baseado no mercado de créditos de carbono já existente.

Em vez de cada país estabelecer metas próprias de redução de desmatamento em troca de verbas para um fundo para projetos financiado pelos países ricos, como quer o Brasil, a coalizão prefere que o sucesso seja recompensado com créditos de carbono, vendidos ao valor do mercado.

"É surpreendente. Por que se opor a isso? O Brasil seria o primeiro país a se beneficiar de um programa assim, já que participa ativamente do mercado mundial de carbono", afirmou à BBC Brasil o pesquisador americano Daniel Nepstad, do Centro de Pesquisas Woods Hole, autor de diversos estudos sobre a Amazônia.

A resposta, segundo o embaixador extraordinário para Mudança Climática, Sérgio Serra, é simples: "O nosso problema é o mercado de carbono", afirmou.

Serra diz que, no caso do desmatamento, o Brasil não concorda com a premissa do mercado de carbono, que possibilita a compra de créditos de carbono por países ricos que poluírem acima da meta fixada internacionalmente. "Isso não reduz a poluição", argumentou o embaixador.

O problema é que, até o momento, a proposta do Brasil só ganhou o apoio de pequenos países insulares como Tuvalu, na Polinésia, que tem menos de 10 mil habitantes, distribuídos por uma área de 26 km².

Uma fonte que pediu para não ser identificada, porque negocia diretamente com o governo brasileiro, afirmou estar "frustrada" com a resistência da delegação brasileira em apoiar a idéia.

A posição brasileira também foi duramente criticada nesta quarta-feira pelo ativista ambiental John O'Niles, da ONG Grupo das Florestas Tropicais, que defende o lado da Coalizão das Florestas Tropicais.

"O Brasil só vem retardando as negociações", disse. "O problema é que não temos tempo a perder."

Nesta quarta-feira, a ONG que O'Niles representa organizou uma apresentação para chamar a atenção à ameaça que o aquecimento global representa às florestas tropicais. Durante a manifestação, o Brasil ocupou lugar de destaque.

Nas palavras do Grupo Floresta Tropical, o governo brasileiro continua a obstruir as negociações, sob a alegação de que os países ricos não fizeram o suficiente para reduzir as emissões de carbono.

"Créditos para salvar florestas nestas negociações (de Bali) iriam comprometer o regime pós-Kyoto."

Nessa discussão, o ponto pacífico é a necessidade de o Brasil apoiar a proposta da Coalizão - ou conseguir mais apoio.

"Qualquer programa precisa do Brasil", afirmou a cientista Holly Gibs, conselheira científica do governo de Papua Nova Guiné, o fundador da Coalizão para Florestas Tropicais. "O país abriga quase um terço do estoque de carbono de todo o planeta."

(Eric Brücher Camara, BBC Brasil, 05/12/2007)



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