Em 2070 serão 150 milhões as pessoas ameaçadas pelo risco de inundações nas grandes cidades costeiras do planeta, um número três vezes superior ao actual, alerta um relatório da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico). As alterações climáticas, o crescimento populacional e o desenvolvimento urbano vão aumentar o risco que enfrentam hoje 40 milhões de pessoas.
Mumbai é a cidade com mais pessoas em risco. Mas em 2070, Calcutá será a mais vulnerável, sendo que a população exposta deverá aumentar mais de sete vezes para mais de 14 milhões de pessoas. Outras cidades no topo desta lista são Shangai, Banguecoque e Rangum (Birmânia). Miami está em nono lugar e será a única cidade nas dez primeiras de um país desenvolvido.
O relatório da OCDE analisou a vulnerabilidade actual e futurade 130 cidades costeiras em relação a grandes inundações, num horizonte temporal de cem anos, e com base num aumento de 0,5 metros do nível do mar em 2070. “Este relatório levanta considerações políticas cruciais e salienta a urgência da mitigação e estratégias de adaptação aos riscos, a nível municipal”, comentou Jan Corfee-Morlot, conselheiro político para as alterações climáticas na OCDE.
As políticas de mitigação permitirão ganhar tempo para as cidades mais expostas implementarem estratégias de adaptação e se protegerem do elevado risco de inundações. Como fez Londres com a construção da Thames Barrier. Mas, diz o relatório, estudos mostraram que montar defesas costeiras eficazes pode demorar 30 anos ou mais. “A adaptação tem de subir para o cimo da agenda política hoje se quisermos fazer a diferença amanhã”, escreve o relatório.
“As alterações climáticas já estão a acontecer e é precisa acção concertada para evitar impactos piores”, comentou Angel Gurría, secretário-geral da OCDE. Este foi o primeiro de uma série de relatórios que a OCDE vai publicar sobre o impacto das alterações climáticas mas cidades.
(
Ecosfera, 05/12/2007)