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passivos da mineração
2007-12-06
Companhias de mineração dedicadas à extração de ouro são acusadas de contaminar as águas da África do Sul com materiais radioativos. Um caso é o do Wonderfointen Spruit (“spruit” significa curso de água em afrikáans, língua de descendentes dos colonos holandês), um rio que corre 90 quilômetros a oeste de Johannesburgo, o centro comercial da África do Sul. A ambientalista Mariette Liefferink acusa as minas pela alta concentração de arsênico, cádmio, cobalto, e zinco na água do spruit. Ela se preocupa especialmente com a presença de chumbo e minerais radiativos como urânio e polônio. “A cada ano as minas de ouro lançam 50 toneladas de urânio no rio. A não-governamental Comissão de Investigação da Água encontrou concentrações desse metal entre 900 e 1.100 miligramas por litro de água”, afirmou.

A concentração de metais pesados é maior no curso superior, porque uma alta porcentagem destes materiais contaminantes se deposita no sedimento desse trecho. Por esta razão, as análises da água no curso inferior não geram grande preocupação e as pessoas não se sentem ameaçadas pela presença destes metais pesados. Mas, se o sedimento for remexido (por crianças que brincam no rio, ou pelo gado), o urânio pode se misturar facilmente a água. o governo encomendou vários estudos para avaliar a gravidade do problema. O mais recente foi feito pelo físico alemão Rainer Barthel para o organismo que regulamenta a produção e o uso de materiais nucleares.

O resultado foi tão embaraçoso que o governo se negou a torná-lo público. Quando Barthel deveria apresentá-lo em uma entrevista coletiva as autoridades disseram aos organizadores que retiravam o convite enviado ao especialista. Por fim, o informe foi divulgado, em agosto. Houve, então uma sucessão de mensagens contraditórias. Harmony Gold, quinta produtora mundial de ouro e uma das responsáveis pela contaminação com urânio, enviou aos fazendeiros de sua área de operações uma determinação do organismo regulador segundo a qual o gado não deveria consumir água do rio porque continha polônio e chumbo.

Barthel assinalara em seu estudo que não havia em toda a área água segura para uso por humanos, em animais e plantas. Mas, a ministra de Água e Florestas, Lindiwe Hendricks, afirmou no Parlamento que nenhuma das 47 amostras de água retiradas do Wonderfontein Spruit tinha níveis de contaminação além do máximo aceitável. “portanto, trata-se de água segura para seu consumo, embora se deva considerar que não foi tratada para atender padrões de água potável”, acrescentou a ministra. Porém, ao mesmo tempo reconheceu que “foram detectados níveis elevados de contaminação radioativa no sedimento, o que sugere problemas potenciais se for ingerido pelo gado”.

O diretor-executivo do órgão regulador de materiais nucleares, Maurice Magugumela, fez um esforço para dissipar os temores, ao garantir que a água e os sedimentos contaminados não constituem “um motivo de preocupação”. Além disso, a administração da cidade de Potchefstroom fez tudo ao seu alcance para garantir aos habitantes que a água que bebem é segura. A principal fonte de abastecimento é a represa de boskop, alimentada emparte pelo Wonderfontein Spruit. “A água tratada das represas de Boskop e Potchefstroom é de alta qualidade, especialmente quando se tem em conta seu conteúdo de urânio e metais pesados”, disse o porta-voz do prefeito, Kaizer Mohau.

Isto pode ser um consolo para os habitantes da cidade que consomem água de torneira, mas em nada ajuda os moradores de assentamentos pobres ao longo do curso do rio – cerca de 150 mil pessoas – que não têm outra opção a não ser consumir a água sem filtrá-la. As minas de ouro também estão no banco dos réus pela contaminação que originam ao se livrarem de substâncias ácidas. A atividade extrativista expõe metais pesados e compostos sulfúricos depositados na terra.

O aumento do nível da água subterrânea carrega estes elementos, que continuam contaminando o meio ambiente por décadas após o fechamento das operações das minas. Em 2002, estas águas ácidas começaram a fluir da mina abandonada de Randfontein Estates, 42 quilômetros a sudoeste de Johannesburgo. A propriedade pertenceu à Harmony gold e, segundo a lei africana, o dono da terra é responsável pela qualidade da água. Mas, esta empresa não é a única responsável. Suas competidoras na área de Witwatersrand, a leste e oeste de Johannesburgo, criaram um labirinto de passagens interligadas de 300 quilômetros, segundo a revista Water Wheel.

As mineradores devem trabalhar em conjunto para garantir que suas operações não causem inundação. Algumas minas abandonadas devem ser esgotadas para garantir a viabilidade de escavações vizinhas. A água da mina abandonada de Randfontein não pode ser canalizada para o rio mais próximo porque seu componente ácido é muito alto e essa ação teria sérias conseqüências ambientais. Com solução de emergência, a Harmony Gold lançou essas águas no lago Robinson, uma área de recreação que é a favorita dos amantes da pesca. Hoje existe ali um alto nível de concentração de urânio e sua acidez – comparável ao suco do limão – torna impossível a presença de vida em qualquer forma.

O órgão regulador dos materiais atômicos detectou 16 miligramas de urânio por litro de água. Em conseqüência, foi obrigado a declarar o lago como área radioativa. A Harmony Gold investiu mais de US$ 14 milhões nos últimos cinco anos em tratamento da água das minas abandonadas. Outros US$ 200 mil mensais são dedicados a continuar essa tarefa. A companhia informou que “a água apresenta padrões aceitáveis de acordo com a tecnologia disponível atualmente”. Os ambientalistas pensam que não é suficiente.
(Por Steven Lang, IPS, 05/12/2007)


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