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2007-12-05

A transferência de tecnologias limpas dos países ricos aos pobres será supervisionada por um órgão oficial graças a uma das primeiras decisões tomadas nesta terça-feira (4) na conferência mundial sobre a mudança climática em Bali. No segundo dia do encontro, foi decidido que um dos órgãos permanentes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática supervisione que os países ricos transfiram a tecnologia prometida.

O órgão será dirigido pelo novo presidente da Convenção, o indonésio Rachmat Witoelar, encarregado de conceber o foco e o calendário das negociações sobre as mudanças climáticas depois de Bali. Estas tecnologias permitirão, por exemplo, que as centrais térmicas dos países emergentes reduzam suas emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

"O organismo poderá ver em que medida os países industrializados cumpriram com seus compromissos de transferência de tecnologia aos países em vias de desenvolvimento", declarou Yvo de Boer. "É muito importante que este problema seja tratado", afirmou, dado que "os países em desenvolvimento têm a impressão de que os países ricos não fazem o suficiente para transferir tecnologia" que lhes permitam produzir energia menos poluente.

Conferência
Representantes de mais de 190 países se reúnem na ilha indonésia de Bali até 14 de dezembro para planejar o roteiro das negociações destinadas a prolongar para além de 2012 a aplicação do Protocolo de Kyoto sobre a redução das emissões de gases poluidores.

A outra decisão técnica importante tomada nesta terça-feira é a criação de um grupo de trabalho encarregado de conceber o início e o calendário das negociações sobre a mudança climática depois de Bali. A missão deste grupo será identificar os elementos-chave que farão parte das futuras negociações e preparar o terreno para a chegada dos ministros a Bali na próxima semana.

As delegações começaram a avançar seus peões em uma negociação das quais os países em vias de desenvolvimento esperam obter ajuda técnica e financeira. "Financeiramente não temos recursos suficientes para nos adaptar ao impacto da mudança climática", afirmou Thy Sum, um delegado cambojano. "Necessitamos pedir aos países ricos ajuda econômica e tecnológica para suportar as conseqüências da mudança climática", acrescentou.

Gases-estufa
Do outro lado do tabuleiro, os países industrializados insistiram na necessidade de que as nações em vias de desenvolvimento se somem aos esforços de redução de emissões poluentes. "Acreditamos firmemente que, dentro de um acordo global sobre o clima, é necessário que os países em desenvolvimento reduzam suas emissões em 30% antes de 2020", declarou Nuno Lacasta, coordenador da delegação portuguesa e porta-voz da UE (União Européia).

A UE já se comprometeu em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 20% até 2020 e, inclusive, 30% se os outros países industrializados também o fizerem. Os Estados Unidos poderiam, segundo o porta-voz europeu, reduzir suas emissões em 4,5 gigatoneladas antes de 2030 "com um custo moderado". "Esta quantidade representa a totalidade do que atualmente a UE emite em seu conjunto", explicou.

Apelo
Por fim, representantes de alguns dos países mais pobres do mundo lançaram um apelo às nações industrializadas para que os ajudem a lutar contra as inundações, secas e outras catástrofes causadas causadas pela mudança climática. O grupo de cientistas já advertiu que as perturbações nos sistemas climáticos do planeta condenarão os países pobres às piores ondas de fome, secas, inundações e tempestades violentas.

(Folha Online, 04/12/2007)

 


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