O ministro das Relações Exteriores do Irã afirmou que os Estados Unidos fizeram bem em "corrigir" sua visão de que o país mantém um programa nuclear ativo, segundo noticiou uma rádio estatal. O chanceler Manouchehr Mottaki referia-se ao relatório da Estimativa Nacional de Inteligência (NIE) norte-americana, divulgado na segunda-feira. De acordo com o documento, o Irã suspendeu seu programa nuclear em 2003.
As conclusões do relatório representam uma mudança na visão dos Estados Unidos sobre o Irã. Em 2005, as agências diziam acreditar que Teerã mantinha ativo seu programa de produção de armas após uma interrupção em 2003. "É natural que nós recebamos bem o novo relatório. É uma visão realista", disse Mottaki. Para o ministro, os diversos documentos divulgados recentemente mostram que "as atividades nucleares do país têm fins pacíficos".
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Ali Hosseini, disse que o novo documento é uma "prova" de que o país não produzia armas nucleares. E que afirmações nesse sentido eram "falsas". "As observações do presidente dos EUA, George W. Bush, e de outras autoridades norte-americanas a respeito do 'perigo' do programa nuclear iraniano não têm base nem fundamento", afirmou Hosseini.
Políticos iranianos também exaltaram o documento da NIE, que, segundo eles, "desarma" os oficiais dos EUA que pressionam por uma ação militar contra o Irã. Para o legislador Elham Aminzadeh, o novo relatório vai "atrapalhar os planos" dos EUA de usar a força militar para impedir a República Islâmica de ter seu programa nuclear. "Ficou provado agora que o Irã não é nenhum perigo para o mundo, como alegam membros da administração Bush."
Os norte-americanos e alguns de seus aliados têm acusado o Irã de tentar desenvolver armas nucleares. No entanto, de acordo com o texto, a descoberta sugere que a diplomacia foi efetiva em conter as ambições nucleares do país. Não está certo ainda se as novas conclusões terão algum impacto sobre as sanções contra o Irã. Apesar da suspensão do desenvolvimento de armas, Teerã não teria desistido de produzir uma bomba nuclear, porque acreditaria que tal arma facilitaria a manutenção da segurança e o alcance de objetivos políticos, de acordo com a conclusão do relatório.
O país manteve o enriquecimento de urânio para seus reatores nucleares civis, o que deixa aberta a possibilidade de que o material seja desviado para atividades com fins militares. De acordo com o documento, o Irã poderá ser capaz de obter urânio enriquecido para produzir uma arma nuclear entre 2010 e 2015.
(JC, 05/12/2007)