O primeiro estudo que foca a saúde mental após a passagem do furacão Katrina confirmou o que muitos pesquisadores já previam: o número de problemas temperamentais na região de Nova Orleans são os maiores, se comparados a outras áreas já analisadas e afetadas por desastres ambientais. A pesquisa ainda aponta que o problema se agravou após a lentidão do suporte do governo para com as vítimas do furacão.
A análise de mais de mil residentes de Nova Orleans e áreas próximas concluiu que 17% da população da cidade demonstraram sinais de alteração mental. Sintomas pós-traumáticos – que inclui flashbacks, pesadelos e instabilidade de humor – foram os tipos mais comuns de problemas mentais encontrados. Os sinais ainda foram frequentemente associados com perda de propriedade, roubos e assaltos.
Aproximadamente metade dos residentes de Nova Orleans reportou sintomas significantes de ansiedade no mês seguinte à tragédia. De acordo com o estudo, publicado na terça-feira, esse número é superior ao estimado entre populações vítimas de algum tipo de desastre danoso. Especialistas atribuíram importância crucial do estudo em relação ao direcionamento correto dos recursos após catástrofes como esta.
A pesquisa foi uma parceria entre o Instituto Nacional de Saúde Mental com pesquisadores de sete universidades norte-americanas. Pesquisadores recrutaram cerca de mil adultos de Nova Orleans e localidades próximas, que foram diretamente afetados pela passagem do furacão. De janeiro até o mês de março de 2006, avaliadores questionaram participantes com cerca de 30 perguntas, entre elas: “Quais seriam os problemas práticos mais sérios causados pelo Katrina?”
Com base nas respostas, especialistas colocaram em foco os 10 relatos mais comuns entre os indivíduos entrevistados. Entre os traumas dos habitantes da cidade estão principalmente o medo da morte com a tempestade, a perda de suas habitações e os roubos decorrentes da situação caótica do local.
No entanto, residentes de Nova Orleans sentem-se geralmente mais confortáveis que populações de outras áreas para relatar sobre suas possíveis perturbações mentais. Pesquisadores ainda concluíram que muitas dessas pessoas esperavam que os efeitos pós-traumáticos se resolvessem com o passar do tempo.
“A principal mensagem aqui é que o caminho principal para a saúde mental era baseado em circunstâncias sociais e financeiras”, afirmou Sandro Gálea, professor associado da Universidade de Michigan.
(Por Benedict Carey,
The New York Times, 04/12/2007)