Os furacões no Atlântico têm tendência para se tornarem mais fortes e frequentes, pois este oceano é mais sensível a alterações climáticas do que outras zonas de formação de tempestades, como, por exemplo, o Pacífico. Esta é a conclusão central de um estudo de dois cientistas americanos, Jim Kossin e Dan Vimont, da Universidade de Wisconsin-Madison, sobre os factores que influenciam a violência dos furacões.
Os dois cientistas analisaram séries de dados e verificaram que o aumento da temperatura da água é apenas uma parte de um padrão complexo, que aponta para um futuro com furacões poderosos no Atlântico.
A interacção da atmosfera com as condições do mar e a reacção deste com a atmosfera constituem a essência da Circulação Meridional do Atlântico, que tem sistemas semelhantes mais famosos, um no Pacífico, com impacto global, a Oscilação Sul-El Niño. No fundo, estes são sistemas oceânicos ligados ao transporte de energia das regiões equatoriais do planeta, mais quentes, para as latitudes a norte.
Segundo o trabalho de Jim Kossin e Dan Vimont, publicado no Bulletin of the American Meteorological Society, o aumento da temperatura oceânica tem um papel importante na formação de furacões no Atlântico, mas tem sido dada demasiada relevância a este factor. A ideia é que a interacção com a atmosfera, à medida que esta aquece, será uma receita para furacões devastadores. Esta complexidade do sistema Atlântico poderá talvez ajudar a explicar por que razão as previsões sobre a temporada de furacões no Atlântico este ano foi tão má.
Ontem, a agência americana responsável (National Oceanic and Atmospheric Administration) reconheceu ter antecipado um cenário mais pessimista do que aquele que se verificou. Ao fazer o balanço da temporada de furacões, entre Junho e Novembro, a instituição contabilizou 6, contra uma previsão de 7 a 9. Sobre o número de tempestades, a instituição previu um intervalo entre 13 e 16. Na realidade, foram 14. Mas a precisão teve o lado negativo da duração média das tempestades ter sido muito inferior ao estimado.
"As previsões deste ano não foram felizes", reconheceram dois outros peritos, da Universidade de Colorado, Bill Gray e Philip Klotzbach, que tinham antecipado 17 tempestades tropicais este ano. "A temporada teve uma actividade aproximada dos níveis médios", escreveram estes cientistas, num relatório citado pela CNN. O pessimismo de Junho deveu-se aos valores invulgarmente baixos da temperatura do mar, no Pacífico.|
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Sapo.PT, 05/12/2007)