O zoneamento ecológico da cana-de-açúcar deveria manter sem alterações áreas que atualmente já são ocupadas pela cultura, segundo o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. "Essa não é uma opinião de governo porque há uma instância encarregada desse trabalho. Mas, na minha opinião pessoal, tem que se manter como está", disse.
O trabalho de zoneamento, que identificará áreas onde o plantio não afeta o meio ambiente, está sendo preparado em conjunto pelos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a Embrapa. A previsão é que o trabalho será concluído em julho de 2008.
Um dos argumentos do ministro é o fato de a produção de cana-de-açúcar ocupar pouco mais de 6 milhões de hectares. "O Brasil é um país de mais de 800 milhões de hectares. Essa fatia [da cana] representa 0,7% do território nacional". Há alguma confusão, segundo o ministro, principalmente no exterior, quando se fala de Amazônia e Amazônia Legal, região que inclui áreas não ocupadas pela floresta amazônica dos estados de Mato Grosso e Maranhão . "Às vezes uma plantação está no Mato Grosso, mas em área fora da floresta", afirmou.
Stephanes relatou a preocupação de pesquisadores europeus em recente viagem que fez à Holanda de que o agronegócio, em especial a cana e a soja, poderia ocupar áreas de floresta. O argumento do ministro foi o mesmo. "É um país de mais de 800 milhões de hectares, mas a agricultura utiliza apenas uma pequena parte disso. Quando eles ouviram isso, acabou a discussão".
Os Estados do Pará, Amazonas e Tocantins, no Norte do país, têm participação marginal na produção de etanol, mas a área a ser ocupada pela cana deverá subir na próxima safra, segundo a última pesquisa do Conab sobre o setor. Dos 19,8 mil hectares da safra 2006/07, a cultura deverá ocupar 21,5 mil hectares em 2007/08 nesses Estados, um avanço de 8,5%. No Brasil todo, o crescimento deverá ser de 13%, para 6,9 milhões de hectares.
Para o ministro, o potencial maior para a cana está nas regiões atualmente ocupadas por pastagens. "A produtividade da pecuária é de menos de uma cabeça de gado por hectare. Se crescer a produtividade, a área de pastagem pode ser utilizada pela agricultura", disse ele.
(Por Patrick Cruz,
Valor Econômico, 04/12/2007)