Com aumento da venda do produto, descarte de peças já vira um problema no país. Uso de tecnologia pode transformar materiais em telhas e até sola de sapato.
O recorde de vendas de computadores no Brasil em 2007 – um crescimento que já supera os 20% em relação ao ano passado – traz uma preocupação: a reciclagem dos equipamentos que, por serem tecnologicamente ultrapassados, são descartados pelos usuários.
No Brasil, segundo o professor Fernando Meirelles, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), já são mais de 40 milhões de computadores em uso – e cerca de 10 milhões de novas máquinas estão chegando ao mercado todos os anos.
Como a queda no preço dos computadores chegou a 30% depois que o governo eliminou impostos da cadeia produtiva para promover a inclusão digital, o país já ostenta uma presença de PCs nas casas superior à média mundial. A cada 100 lares brasileiros, 20 têm computador, contra 16 da média internacional.
OportunidadesCom isso, surgem empresas que aproveitam para gerar dinheiro e renda a partir do lixo digital. No Brasil, são descartados cerca de 1 milhão de computadores ao ano, segundo dados de mercado. E boa parte deste material já é reciclado por sucateiros e comerciantes.
Entretanto, a preocupação ambiental já faz com que outras matérias-primas sejam aproveitadas. Segundo a analista ambiental Talita de Paula, o PVC dos fios e cabos de computador pode virar sola de sapato, enquanto as embalagens de cartucho podem ser virar telhas para a construção civil.
Metais pesadosApesar disso, uma boa parte dos componentes ainda vai parar nos lixões. E o problema é que, entre esses materiais, estão metais altamente tóxicos, como o chumbo, o cádmio e o mercúrio.
Ainda falta tecnologia no país para reciclar os metais pesados das placas, que, quando não vão para o lixão, são mandadas para a Alemanha. Um robô em fase de testes na unidade de São Carlos da USP já consegue separar esses materiais. Esta pode ser uma solução para esse lixo eletrônico, segundo os idealizadores.
(Agência
G1, 04/12/2007)