Idéia de isentar 'produtos verdes' de tarifas alfandegárias foi dos EUA e da Europa. 'Proposta é modesta e protecionista, afirma o ministério das Relações Exteriores.
O Brasil rejeitou nesta terça-feira (4) a proposta dos Estados Unidos e da União Européia para a criação de uma lista com 43 produtos ambientais que teriam suas tarifas comerciais eliminadas. A lista - que não inclui o etanol como produto ambiental - será lançada durante a conferência que a Organização das Nações Unidas (ONU) fará sobre mudanças climáticas, em Bali.
Acusando o projeto de não gerar qualquer ganho para o meio ambiente, o Itamaraty já monta uma estratégia para derrubar a proposta dos países ricos. "A proposta é modesta e protecionista. Estamos profundamente decepcionados, pois não atende às necessidades ambientais, comerciais e não gera desenvolvimento", afirmou o embaixador Roberto Azevedo, subsecretário de Assuntos de Integração do Itamaraty.
Na Ásia, o chanceler Celso Amorim apresentará esses argumentos para tentar evitar que a proposta dos países ricos acabe sendo aceita como uma concessão aos países em desenvolvimento. A principal queixa do Brasil ocorre por causa da exclusão do etanol da lista, além de produtos agrícolas orgânicos. O país não consegue exportar um volume maior do combustível por causa das altas barreiras impostas tanto por americanos quanto por europeus.
Painéis solaresA lista, porém, conta com produtos como tecnologia e peças para painéis solares, equipamentos para a geração de energia eólica e outros sistemas. Esses produtos poderiam ser exportados sem que qualquer taxa fosse aplicada, como forma de dar maior acesso aos países pobres às tecnologias limpas.
O governo brasileiro, porém, alega que esses produtos têm baixo impacto ambiental. "É chocante o fato de não contar com etanol e levanta a dúvida sobre as reais intenções desses países sobre a proteção ao meio ambiente", disse Azevedo.
Ele admite que nem todo o etanol poderia ser considerado um produto ambiental. Mas garante que a produção brasileira não ocorre na floresta tropical, não é subsidiado e que, portanto, o combustível feito no país entraria nessa categoria de bens ambientais.
(Agência
G1, 04/12/2007)