Enquanto os delegados de 190 países estão fechados no Centro de Convenções de Bali tentando costurar um acordo diplomático, o efeito das mudanças climáticas foi classificado como um "perigo bastante imediato e não apenas para um futuro distante" pelo Pnuma, o braço ambiental da ONU (Organização das Nações Unidas).
Ontem, em Bali, a instituição divulgou um relatório sobre os impactos e as vulnerabilidades das mudanças climáticas feito durante os últimos cinco anos nas regiões mais pobres do mundo. A conclusão do trabalho é clara: as mudanças climáticas já chegaram para muitas populações.
Nas dezenas de casos estudados ficou claro que a alteração no clima vai levar a catástrofes se não for levada em conta por políticas públicas. A situação piora em locais onde os demais sistemas (econômico, social e político) não estão azeitados.
No noroeste da China, por exemplo, uma das áreas enfocadas pelo Pnuma, o levantamento mostra que a temperatura subiu entre 0,2C a 0,4C a cada dez anos, durante as últimas cinco décadas. Como conseqüência, a população chinesa pode enfrentar falta d'água, e o mesmo problema já existe em locais da África e até no México. No Caribe, o aumento da temperatura fez triplicar os casos de dengue.
Na América Latina, a bacia do Prata, onde estão as cidades de Montevidéu e Buenos Aires, é uma área frágil. O risco é o aumento na freqüência das "sudestadas" -nome dado a um tipo específico de tempestade que costuma ocorrer naquela parte do mundo. Neste caso, mostra o novo guia para os formuladores de políticas públicas, o risco maior é o das inundações.
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Folha de São Paulo, 05/12/2007)