Numa das regiões com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, o Vale do Rio Urucuia (entre Minas Gerais e Goiás), cerca de 20 mil produtores rurais são beneficiados, direta ou indiretamente, por um sistema de parceria entre 11 municípios. A iniciativa garante renda a partir da agricultura familiar, da pesca, do artesanato e do turismo.
Essa foi uma das experiências apresentadas nesta terça (04/12) e quarta-feira (05/12) no 6ª Expo Brasil Desenvolvimento Local. Promovido pela Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits), o encontro reúne em Natal (RN) mais de 2 mil pessoas entre pequenos agricultores, representantes de cooperativas e agências de desenvolvimento para trocarem experiências, além de representantes de ministérios, estatais e de organizações da sociedade civil.
Segundo o sociólogo Caio Silveira, coordenador do Expo Brasil, o encontro permite uma rara interação entre as iniciativas de empreendedorismo de comunidades de todo o país. “Essa é uma chance de ter essa comunicação sem ter de passar por intermediários”, avalia.
Segundo uma das coordenadoras da Agência de Desenvolvimento do Vale do Rio Urucuia, Irene Guedes, o foco do projeto é promover capacitação, renda, cultura e meio ambiente de forma integrada entre os produtores da região. “Hoje em dia, eles não cortam mais as árvores. O fortalecimento das cooperativas trouxe essa visão ambiental”, explica Irene.
A Agência de Desenvolvimento conseguiu o apoio de instituições como a Fundação Banco do Brasil e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O sucesso na captação de recursos, porém, não se repete em diversas experiências comunitárias de desenvolvimento.
Coordenadora de uma rede comunitária na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, a professora Iara Oliveira reclama que a maior dificuldade das iniciativas locais é conseguir apoio do governo. “Dizem que as comunidades não se articulam e não têm competência técnica para desenvolver projetos, mas, quando a gente desenvolve, temos dificuldade de encontrar parcerias”, critica.
Segundo Iara, a Agência de Desenvolvimento da Cidade de Deus trabalha em diversas frentes: trabalho, emprego e renda; economia solidária; educação; comunicação; e habitação.
Entre os projetos já realizados na comunidade, está a construção de 602 casas, que envolvem cerca de 4 mil pessoas entre moradores e trabalhadores capacitados em construção civil. A rede promoveu ainda um plano para as 13 escolas de ensino fundamental da área, no qual interagem diretores, educadores populares e creches.
A agência também está negociando para implementar na Cidade de Deus uma filial da escola federal Pedro II, referência de ensino médio público no Rio de Janeiro.
(Por Mariana Jungmann,
Agência Brasil, 04/12/2007)