O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, considerou “razoável” a decisão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de reduzir os níveis mínimos dos reservatórios até abril. Segundo ele, a iniciativa atendeu aos interesses dos agentes de mercado.
Segundo Tolmasquim, o ONS deixou a capacidade dos reservatórios mais adequada ao período de chuvas e evita o uso desnecessário de usinas termelétricas. “A decisão vai permitir que se possa aguardar a ocorrência ou não de chuvas em níveis satisfatórios em janeiro. Se isto não ocorrer se aciona todas as térmicas”.
O presidente da EPE, no entanto, negou que a decisão do ONS tenha se dado por pressão do governo. “O governo não opinou em momento algum nesta questão da curva de aversão ao risco”, ressaltou. Segundo ele, a iniciativa atendeu muito mais ao mercado do que ao Ministério de Minas e Energia. “Se fosse mantida a curva anterior, o preço do gás natural iria para o espaço”, argumentou.
Sobre a redução no fornecimento de gás natural para distribuidoras no mês passado, Maurício Tolmasquim afirmou que é exagerado falar sobre crise, quando o que houve foi uma pequena redução na oferta de gás para os estados do Rio e de São Paulo.
“É um tanto quanto exagerado falar que houve crise. Houve um dia, no Rio de janeiro, que faltou 350 mil metros cúbicos de gás natural, quando o estado consome 7,5 milhões”, rebateu. “Acho que realmente as distribuidoras no Rio de Janeiro [CEG e CEG Rio], poderiam ter gerenciado melhor o problema. Em São Paulo, tudo foi gerenciado sem maiores problemas.”
Segundo Tolmasquim, a Petrobras avisou as indústrias e as distribuidoras com 15 dias de antecedência. “A Petrobras vinha avisando das restrições no fornecimento. O estado de São Paulo se preparou, mas o Rio, não”, disse.
As declarações do presidente da EPE foram dadas no Hotel Windsor, no Rio de Janeiro, onde ele participou de uma conferência internacional sobre biocombustíveis promovida pela EPE em conjunto com a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O encontro, que vai até esta quarta-feira (05/12), pretende colher sugestões para a conferência mundial Unctad 12, que ocorrerá no segundo semestre de 2008 em Gana, na África.
(Por Nielmar de Oliveira, Agência Brasil, 05/12/2007)