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impactos mudança climática
2007-12-05
Na Guatemala, “o país da eterna primavera” devido ao seu clima benigno e temperatura constante, o calor aumentou nos últimos anos e se intensificaram as chuvas torrenciais devido à mudança climática, alertou ontem o pesquisador Edwin Castellanos. “Nosso país já mostra alguns extremos, que vão se acentuar”, afirmou o também diretor do Centro de Estudos Ambientais da Universidade del Valle, da Guatemala, no ato de apresentação neste país do Informe sobre Desenvolvimento Humano 2007-2008 - “Combatendo a mudança climática: Solidariedade humana em um mundo dividido”.

Esta nação centro-americana de 13 milhões de habitantes, que sofreu as conseqüências do furacão Mitch em 1998 e da tempestade Stan em 2005, lança na atmosfera pouquíssimos gases causadores do efeito estufa, apontados como responsáveis pelo aquecimento global: uma tonelada de dióxido de carbono por pessoa, procedente da queima de combustíveis fósseis e processos industriais, contra a média norte-americana de 20,6 toneladas por habitantes, disse Castellanos.

O IDH, divulgado internacionalmente no último dia 27 em Brasília, estabelece a preocupação pelo destino de milhões de habitantes de países pobres, já que os Estados Unidos e outras nações industriais têm os recursos financeiros e a tecnologia que lhes permitiria se defender dos efeitos do aquecimento global. Também alerta os países ricos que se não adotarem já medidas drásticas para enfrentar a mudança climática poderá haver conseqüências desastrosa, não apenas para as nações pobres, mas para todo o planeta.

Castellanos explicou que na Guatemala 50% das emissões de dióxido de carbono, o principal gás contaminante, se deve ao desmatamento pela mudança de uso da terra (perde-se 73 mil hectares de florestas por ano), 44% pela queima de combustíveis para gerar eletricidade e no transporte e 6% no setor industrial. Em 1990, 92% da energia elétrica eram gerados por hidrelétricas, enquanto em 2005 apenas 40% da eletricidade procediam dessa fonte mais limpa, explicou o pesquisador, recomendando “que se favoreça o desenvolvimento energético baseado em opções renováveis”.

“Somos parte do problema do aquecimento global e, sobretudo, vamos sofrer sues efeitos”, afirmou o cientista. A maior variação da temperatura aumenta as ameaças de inundações, desmoronamentos e secas, agravando problemas de saúde e danos nas infra-estruturas do país, acrescentou. Em sua opinião, os projetos para reduzir gases que causam o efeito estufa neste país, que tem 51% de sua população na pobreza, podem ser uma fonte de renda através do mercado de carbono, “já que podem ser vendidas a nações obrigadas a cumprir os objetivos de redução do Protocolo de Kyoto”, e também podem aumentar a qualidade de vida dos guatemaltecos.

O Protocolo de Kyoto, em vigor desde 20095, obriga todos os países industriais que o ratificaram a reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa até 2012 e estabelece mecanismos para que uma parte dessas reduções seja obtida por meio de investimentos em projetos limpos em nações em desenvolvimento. “Só a tempestade Stan afetou 31% da população e 6% da infra-estrutura de saúde, e teve impactos diretos na economia do país”, recordou o pesquisador. É necessário entender que o aquecimento não é apenas um problema ambiental, mas de saúde, segurança alimentar, infra-estrutura e, definitivamente, de segurança social.

“Temos que nos educar sobre como podemos ser afetados pela mudança climática”, ressaltou Castellanos, apostando por “políticas de Estado mais claras que se traduzam em ações concretas”. Também fez um chamado “à solidariedade com os mais vulneráveis para um desenvolvimento humano mais equitativo”. Nas zonas rurais, até 80% dos habitantes são pobres. Segundo afirmou no ato de apresentação do estudo Beat Rohr, representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) na Guatemala, “o dano dos gases que causam o efeito estufa cresce a cada dia que passa sem agirmos”. Em países vulneráveis como a Guatemala “as conseqüências podem ser dramáticas e por em risco os resultados positivos em desenvolvimento humano que tanto trabalho custou para serem alcançados”, acrescentou.

Rohr exortou os países ricos a assumirem sua responsabilidade neste problema, mas disse que as nações em desenvolvimento também têm um poderoso papel a desempenhar. “A Guatemala contribui pouco para gerar o problema, mas poderia fazer muito para minimizá-lo”, afirmou o representante do Pnud, convencido de que “ser responsável diante da mudança climática é somar competitividade”. De acordo com o informe do Pnud, a Guatemala ocupa o 118º lugar entre 177 países, a última colocação da América Latina no Índice de Desenvolvimento Humano, obtido com dados sobre expectativa de vida, educação e produto interno bruto por pessoa.

A coordenadora do Informe Nacional de Desenvolvimento Humano do Pnud, Karin Slowing, afirmou que embora a Guatemala tenha muitos problemas para resolver, “não pode evitar” a mudança climática porque esta é um fenômeno mundial. ‘Os riscos climáticos se convertem em armadilhas para o desenvolvimento humano”, alertou Slowing, em referência à seca de 2001 que causou uma onda de fome e desnutrição em Jocotán e Camotán, os municípios país pobres do leste guatemalteco. A seu ver, “precisamos de um maior sentido de urgência” para enfrentar a mudança, e “devemos tomar medidas agora porque é um problema de desenvolvimento, algo que compete a todos”.

O ministro do Meio Ambiente, Juan Mario Dory, lamentou que “não sejam destinados recursos suficientes às questões ambientais”. Dory expressou seu desejo deu que a conferência internacional sobre mudança climática inaugurada ontem em Bali, na Indonésia, tenha resultados. Os países que até agora não querem enfrentar a mudança climática “terão de fazê-lo porque já não é uma questão de opiniões, é algo que afeta a todos nós”, acrescentou numa referência aos Estados Unidos, reticente em assumir compromissos de redução de emissões. “O que está ocorrendo com nossa eterna primavera?”, as chuvas deixaram na Guatemala 71 mortos, mais de 28.100 vítimas e 205 casas destruídas.

(Por Inês Benítez, IPS, 04/12/2007)


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