Estamos prontos para cobrar na Indonésia mais ações e menos papo dos governantes na Convenção do Clima organizada pela ONU. Bali não pode ser apenas mais um encontro para se discutir o aquecimento global e os efeitos das mudanças climáticas no mundo. O assunto virou uma emergência global e assim precisa ser tratado. Governos precisam assegurar um plano de metas para cortar efetivamente as emissões de gases do efeito estufa. Os grandes desafios hoje são a limpeza de nossa matriz energética e o fim do desmatamento das florestas do planeta.
Mas palavras apenas não resolverão muita coisa. O problema que enfrentamos é urgente e põe em risco a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, além de inúmeras espécies animais e vegetais. Os governos precisam se mexer e a hora para sinalizarem isso é agora, em Bali. As indústrias poluidoras e grandes madeireiras há tempos estão se mobilizando e têm bons e bem pagos lobistas para deixarem tudo como está.
Nos esforços recentes no Brasil, Austrália, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Irlanda, Itália, Polônia, Estados Unidos, Inglaterra e Espanha, além de cyber-ações, estão pressionando esses governos a adotarem soluções para as mudanças climáticas antes da reunião da ONU em Bali.
Então, quem é quem nesse grande tabuleiro de interesses?
Os países europeus estão de um lado, tendo concordado com cortes iniciais em suas emissões de gases do efeito estufa. Mas seus insistentes investimentos em carvão e energia nuclear significa que temos muito o que fazer ainda por lá.
A destruição de florestas causa cerca de 1/5 das emissões mundiais de gases do efeito estufa. Não à toa convocamos os governos do Brasil e da Indonésia a atacarem essa fonte importante do aquecimento global. Destacamos como a China está tomando medidas importantes e pode ser em breve a líder mundial em geração de energia por fontes eólicas. E mostramos também como a Índia pode usar sua energia de forma mais eficiente.
Mas há governos que ainda não se tocaram. A Austrália mudou de posição com a queda do primeiro-ministro John Howard e a ascenção de um novo gabinete, que já se comprometeu a participar efetivamente das negociações em Bali e também do Protocolo de Kyoto. Mas os americanos, apesar de estarem cada vez mais isolados, continuam rejeitando as metas estipuladas pelo acordo internacional e apostando na frágil argumentação de que os países devem promover esforços voluntários. Em Bali, os governantes têm que parar com os jogos políticos e focar em um único objetivo: agir o quanto antes pela sobrevivência de nosso planeta.
(Envolverde / Greenpeace, 03/12/2007)