A 13ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática começou nesta segunda-feira (2) em Bali, na Indonésia, com a missão de determinar as bases de um compromisso mundial que substitua o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Um dos pontos-chave é tentar convencer os Estados Unidos, que se recusou a ratificar Kyoto, a participar do acordo.
A delegação norte-americana chegou a Bali afirmando que não será um "obstáculo" para o novo acordo, mas o país continua contrário a questões como cortes obrigatórios às emissões de gases poluentes por parte dos países desenvolvidos e o estabelecimento de uma meta para o crescimento nas temperaturas globais. Entretanto, a posição do país ficou enfraquecida nesta segunda-feira, quando o novo primeiro ministro da Austrália, Kevin Rudd, assinou o instrumento de ratificação do Protocolo de Kyoto, imediatamente após tomar posse do cargo.
A medida deixa os americanos isolados nessa posição de recusa do protocolo, sendo a única potência industrial mundial que não ratificou Kyoto. "Os Estados Unidos têm intenção se serem flexíveis e trabalharem de modo construtivo para um plano em Bali", afirmou o líder da delegação do país, Harlan Watson, se referindo à expectativa de que a atual conferência seja o primeiro passo de uma negociação de dois anos para a construção de um novo acordo sobre a questão da mudança climática.
"Nós respeitamos a decisão que outros países tomaram e, claro, pedimos que eles respeitem a nossa decisão", afirmou Watson, em uma coletiva de imprensa. Ele apresentou um relatório detalhando as formas como o país está lutando contra o aquecimento global, sem aderir a metas obrigatórias de redução de emissões.
Antes, representantes de outros países fizeram uma salva de palmas de quase um minuto ao serem informados de que a Austrália rafificou o Protocolo de Kyoto. Entre os pontos mais polêmicos está a discussão sobre se as metas de redução de poluentes devem ser obrigatórias ou voluntárias. Outra discórdia deve se formar em torno de quanto países em crescimento como Índia e China vão ter de reduzir em suas emissões, e como o mundo vai ajudar os países mais pobres a se adaptarem às novas condições climáticas.
Europa
A UE (União Européia) pede como um dos objetivos do encontro seja a estabilização da emissão de carbono para deter o aumento da temperatura em 2ºC. No evento de abertura desta segunda-feira, o secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU, Yvo de Boer, parabenizou o "compromisso da UE de reduzir suas emissões em 20% para 2020" e a mensagem dos EUA na qual o presidente George W. Bush reconhecia que o aquecimento global precisa de uma resposta global. Pedindo aos participantes um esforço coletivo, De Boer disse que "caberá aos países desenvolvidos dar o bom exemplo, visto que as nações em desenvolvimento devem contemporaneamente combater a pobreza".
Brasil
Na semana passada, o governo brasileiro voltou a avisar que o país não aceitará metas internacionais de redução de emissões de gases causadores do aquecimento global para países em desenvolvimento. O argumento do Brasil e também de outros países em desenvolvimento é que eles já adotam políticas para minimizar os efeitos do aquecimento global sem precisar de metas estabelecidas e só aceitam um acordo que contenha compromissos voluntários.
O governo, por meio do Itamaraty, afirma ter reduzido as emissões em 400 mil toneladas de CO2 desde 2004. A 13ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática reúne os países signatários da Convenção sobre o Clima de 1992. Ao mesmo tempo, realiza-se a 3ª Conferência das Partes, que serve como encontro dos países que assinaram o Protocolo de Kyoto (CMP 3).
(Folha Online, 03/12/2007)