A Polícia Federal ainda investiga os fatos que levaram ao assassinato do cacique Joaquim Guajajara, encontrado morto e com marcas de tiros na última sexta-feira (30/11).
O superintendente regional da PF no Maranhão, Gustavo Gominho, disse que a equipe que já estava na região trabalhando na Operação Araribóia está apurando também a morte da líder indígena. O delegado Natan Viana de Vasconcelos, responsável pelas investigações, não deu informações sobre o caso.
Em entrevista concedida nesta segunda-feira (03/11) à Agência Brasil, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, disse que as primeiras informações oficiais recebidas confirmam que a morte do cacique não teve relação direta com os conflitos apurados na Operação Araribóia, mas sim com questões internas da população indígena.
"As investigações policiais precisam ser feitas identificando as razões. Tem que se punir os responsáveis", disse o presidente da Funai.
A Operação Araribóia teve início em novembro com o objetivo de combater a exploração ilegal de recursos naturais na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão.
Meira também confirmou que a operação seguirá por tempo indeterminado. "Estamos no rumo natural e as forças que estão lá saberão identificar o momento adequado para pôr fim ao trabalho."
O técnico indigenista e coordenador de campo da Funai, José Pedro dos Santos, garante que a entidade continuará agindo na região. “Estamos propondo a criação de uma base dentro do território indígena para evitar que os madeireiros retornem”, afirma.
Para ele, a morte do cacique está relacionada à disputa de terras na região. “Os índios que não aceitam a devastação ambiental são perseguidos, mortos, amedrontados, é uma situação muito difícil”, afirma, lembrando que servidores da Funai também foram ameaçados de morte na região.
Humberto Rezende Capucci, membro da coordenação regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do Maranhão, diz que a entidade irá cobrar das autoridades responsáveis que apurem os fatos de forma concreta. “Há informações de que outros índios teriam matado ele, mas os motivos ainda não foram esclarecidos”, diz.
De acordo com Capucci, existem “fortes indícios” de que o assassinato do cacique esteja relacionado com a venda de madeira na região, especialmente com o assassinato do índio Tomé Guajajara, em 15 de outubro, quando madeireiros tentavam resgatar um caminhão apreendido.
(Por Sabrina Craide e Marco Antônio Soalheiro,
Agência Brasil, 03/12/2007)