A decisão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) de reduzir o índice dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste para os primeiros meses do ano teve como objetivo evitar o acionamento desnecessário das usinas termelétricas no período de maior chuva.
A informação foi dada nesta segunda-feira (03/12), no Rio de Janeiro, pelo diretor-geral do ONS, Hermes Chipp. Segundo ele, a nova meta leva em conta a mesma probabilidade de chuva calculada para 2008 e 2009, mas utiliza como nível mínimo de segurança a média de chuva referente a 1933 e 1934, considerado o quarto biênio (período de dois anos) menos chuvoso da história.
Segundo Chipp, com a redução da oferta térmica para 2008 e 2009, por causa do termo de compromisso assinado entre a Petrobras e a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], foi elevado de forma significativa o armazenamento dos reservatórios nos períodos chuvosos. “Seria uma exigência não adequada, uma vez que se correria o risco de usar uma usina térmica desnecessariamente, quando existe mais chance de entrada de água nos reservatórios”, justificou.
Dos 240 mil megawatts de energia que entram no sistema elétrico de dezembro a abril, 130 mil entram em janeiro e fevereiro. “Não se justifica elevar esse nível, despachar as térmicas, aumentar o preço [da energia], prejudicar a todos os agentes do mercado e o consumidor e depois trazer o sistema de volta à normalidade”, disse Chipp.
O diretor-geral do ONS cita o mês de janeiro de 2004 como exemplo: “Naquela ocasião, aconteceu um período úmido completamente atípico, porque os níveis dos reservatórios estavam baixos no Nordeste [em torno de 3%]. Veio uma chuva em abundância e tivemos que verter [abrir as comportas das hidrelétricas] na última semana de janeiro”, afirmou.
Com a nova proposta do ONS, o nível mínimo dos reservatórios estipulado para o mês de dezembro caiu de 61% para 36%, o que praticamente descarta a necessidade de usar as usinas térmicas, uma vez que os reservatórios hoje estão em torno de 50%. Em janeiro, o nível mínimo exigido caiu de 65% para 53%; em fevereiro de 69% para 63%; em março de 69% para 67%; e em abril de 69% para 68% – mantendo-se, neste caso, praticamente o mesmo patamar.
“O nível de abril foi mantido em 68% porque esse é o nível necessário para garantir o atendimento em 2008 e 2009, considerando o novo termo de compromisso assumido entre a Petrobras e a Aneel [de fornecimento de gás para geração de energia pelas térmicas] e a curva de aversão ao risco [de racionamento] que traçamos”, acrescentou.
(Por Nielmar de Oliveira, Agência Brasil, 03/12/2007)