Indígenas da etnia Yanomami que vivem na comunidade de Balalawa-ú, região de Barcelos, no noroeste do Amazonas, estão sofrendo com surtos de malária. O alerta é da Força Aérea Brasileira (FAB), que durante as ações cívico-sociais regulares feitas em novembro soube do problema e esteve nas aldeias a fim de prestar atendimento básico em saúde e ainda realizar a borrifação do inseticida capaz de afastar o mosquito transmissor da doença da região, em parceria com a vigilância sanitária do Amazonas.
"Soubemos dessa comunidade por causa do trabalho realizado na Amazônia nas Acisos [ações cívico-sociais]. Balalawa-ú corresponde a uma terceira fase do que já fizemos este ano. Estivemos anteriormente na região de São Gabriel da Cachoeira (AM) e na reserva Raposa Serra do Sol (RR). Durante essas viagens, tivemos notícia desses Yanomami e também da malária na região. Isso antecipou nossa ida ao local. Levamos medicamentos e alguns equipamentos para realização de atendimento médico, odontológico e ginecológico, além dos inseticidas para fazer o fumacê nessa área. Ficamos três dias lá", informou o
tenente-coronel Edmílson Leite, um dos integrantes da expedição.
A localidade está situada praticamente na fronteira do Amazonas com Roraima, a 350 quilômetros a sudoeste de Boa Vista. De acordo com o responsável pelo Serviço Regional de Saúde da Aeronáutica na Amazônia, tenente-coronel Zulamar Lopes, a comunidade abriga cerca de 1,2 mil indígenas, divididos em sete complexos de malocas.
De acordo com o militar, desse total duas chamaram mais a atenção dos expedicionários em função dos casos registrados: Tootobi e Koherepi. O militar não soube precisar o total de doentes em toda comunidade, mas disse que encontrou dezenas de adultos e crianças contaminadas pela malária.
"No local encontramos muita gente doente. Na nossa chegada, havia uns 30 casos nessas duas aldeias. Apesar de existir um posto da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no pólo base da comunidade, entendemos que para chegar a essas aldeias, em particular, é preciso de infra-estrutura melhor, até mesmo de helicóptero, porque o acesso é dificílimo. O que queríamos era fazer o chamado cerco a doença, ou seja, isolar o foco de malária e borrifar o pesticida na área. Fizemos o que era possível naquele momento, mas pretendemos voltar e prestar mais ajuda", disse o tenente-coronel Lopes.
Sobre o foco da malária entre os Yanomami, o representante da área médica disse que possivelmente esteja relacionado ao trânsito migratório dos indígenas entre Brasil e Venezuela.
"A comunidade fica muito perto da Venezuela e existe uma intensa freqüência de migração entre os dois países. Muitos índios não páram e circulam nos dois lugares. Com isso, podem voltar contaminados e, ao reestabelecer o convívio com os outros aldeados sadios, aumentam as chances de contaminação com o restante da aldeia", explicou.
Questionado sobre o surto de malária entre os Yanomami que vivem na fronteira do Brasil com a Venezuela, o diretor do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Wanderley Guenka, disse que a instituição já está a par do problema e que vai promover o combate à epidemia com a ajuda de parceiros na área de saúde.
"Nós temos consciência da questão da malária no Amazonas e queremos combater, sim. Estamos buscando parcerias para somar forças conosco, como com a Fundação de Vigilância em Saúde no Amazonas e em Brasília com a Secretaria de Vigilância em Saúde. Já foram destinados R$ 500 mil só para ajudar no combate à malária no Amazonas", disse Guenka.
De acordo com a Funasa, os Yanomami são índios que habitam o Brasil e a Venezuela. No Brasil somam 12.500 pessoas, em 188 comunidades.
(Por Amanda Mota, Agência Brasil, 03/12/2007)