Escola de Vela beneficia estudantes do Bairro Ponte do Imaruim Através de aulas semanais de vela, uma turma de jovens do Bairro Ponte do Imaruim, em Palhoça, aprende muito mais que as manhas do iatismo. Eles recebem dicas de preservação ambiental e planejam ações para reverter o processo de poluição e assoreamento das águas onde navegam todas as quintas-feiras.
Batizada de Escola de Vela e Meio-ambiente, a iniciativa é mantida por um projeto de extensão da Univali e na última segunda-feira foi premiada como destaque na categoria Projeto Social pelo Instituto Guga Kuerten. Desde 2006, atende cerca de 12 garotos de 12 a 15 anos, moradores de um bairro cada vez mais ameaçado pela poluição e pela violência.
- No último semestre, pedimos aos nossos alunos que convidassem amigos interessados em participar, mas ninguém apareceu. Eles dizem que ninguém vem para a Baixada por medo - revela o instrutor de vela Daniel Tesser.
O medo é explicado pela má fama que a área, localizada do lado esquerdo da Ponte do Imaruim, adquiriu nos últimos anos. Para os alunos chegarem até a escola, junto à associação dos pescadores, têm que passar perto de locais considerados perigosos, conhecidos na comunidade por alimentar o tráfico de drogas.
- Pra nós, esse projeto é ótimo justamente porque ocupa e educa a gurizada, afastando-os desse problema social - explica Luiz Carlos Capistrano, morador do bairro que já se acostumou ao colorido dos barcos à vela no meio dos ranchos de pesca.
Além da violência, os alunos têm que conviver com a poluição. A pequena praia onde arrumam os cabos e as velas antes de pôr os barcos na água está repleta de entulho de obras. Os dias de vento forte trazem também galhos e lodo para a areia.
Antes de começar cada atividade, o voluntário Juarez da Silva, o Juba, tem que limpar o terreno. Ele e o coordenador do projeto, professor Henrique Coutinho, já acharam até sofá velho e pneu de caminhão dentro dágua.
- É difícil conscientizar pessoas de 50 anos a não jogar sujeira no mar, mas com as aulas de iatismo estamos pelo menos abrindo os olhos dos mais novos - afirma Coutinho.
Alunos têm atividades dentro e fora da águaQuando os atuais alunos começaram as aulas, no início do ano, ninguém tinha sequer visto um barco à vela de perto. O casco, os cabos e os equipamentos são caros e de difícil acesso para essa turma. Dez meses depois do início dos encontros semanais, todos eles se sentem em casa em meio a velas, cabos e nós. Carregam com desenvoltura os seis barcos. Fora da água, os alunos também têm atividades. A turma já visitou o Projeto Tamar, em Florianópolis, conheceu um galpão de reciclagem de lixo, e foi até São Pedro de Alcântara ver de perto de como é limpa a água que chega às suas casas e que vai parar poluída onde eles navegam.
(Lucas Amorim,
Diário Catarinense, 03/12/3007)