O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no Estado, Ezequias David da Silva, afirmou que a reforma agrária encontra-se em estado crítico em Roraima. "Outras gestões anteriores tiveram uma péssima atuação no Incra, o que aumenta os problemas agora. Para nós, 2007 foi um ano desastroso. Deveria ser apagado da história", afirmou.
O dirigente disse que praticamente nada aconteceu em relação à reforma agrária em Roraima este ano. "As poucas áreas que o Incra conseguiu resolver eram questões antigas. Não foram assentadas áreas novas. As estradas ainda esperam para serem melhoradas. E boa parte dos servidores do Incra não tem compromisso com a reforma agrária", declarou.
Ezequias afirmou que, somente este ano, já foram realizadas 25 reuniões entre o Incra e os movimentos sociais. "É uma pauta que a gente traz desde o ano passado e que ainda não foi resolvida. Precisamos de uma reestruturação urgente no Incra e que o órgão disponibilize uma assessoria técnica competente para os assentados".
Na região do Truaru, o dirigente do MST comentou que a situação de conflito entre fazendeiros e assentados é fruto da má administração do Incra. "É algo que não foi planejado por gestões anteriores. Não há planejamento de habitação, de estradas, nada", destacou.
Nos assentamentos Pau Brasil e Jatobá, no Município do Cantá, Ezequias frisou que a situação é complicada. "Está faltando tudo. Nem a documentação está regularizada ainda. Há 200 famílias no Pau Brasil e 180 famílias no Jatobá. Todas elas estão acampadas ainda, sem a mínima estrutura, desde o ano passado, esperando uma resolução. Por conta da demora do Incra, cerca de 40% das famílias desistiram de permanecer na região", explicou. O assentamento Pau Brasil tem capacidade para 360 famílias e o Jatobá para 203.
Ezequias cobra mais compromisso do Incra em relação à reforma agrária. "Ela está parada em Roraima. Tem que haver mais compromisso por parte do órgão. Temos potencial para a agricultura familiar, mas sem compromisso nada é possível. Para 2008, os movimentos sociais estão pedindo como meta o assentamento de pelo menos 3 mil famílias e a construção de 200 quilômetros de estradas", declarou.
(Folha de Boa Vista, 30/11/2007)