Com o tema “Os meios de comunicação na gestão integrada dos recursos hídricos”, como era de se esperar, um dos assuntos foi o dos desastres naturais vinculados às mudanças climáticas. A Associação Mundial para a Água (GWP) e o Observatório Ecológico e Ambiental para a América Latina, como organizadores do seminário realizado na capital colombiana, impulsionaram a realização de diversas discussões, entre jornalistas e comunicadores de vários países latinoamericanos, com a finalidade de avançar em processos de sensibilização e tomada de consciência, em uma área estratégica como é o manejo sustentável da água.
A urgência que impoem os efeitos do aquecimento global, inevitavelmente colocam sobre a mesa de discussão, o que está ocorrendo com fenômenos naturais na região. Não faz muito, por interesse de alguns setores, seguia-se “ganhando tempo” para tomar decisões de fundo, com o argumento de que não havia evidências científicas confiáveis para assegurar que estavam ocorrendo mudanças no clima mundial.
Os fatos se encarregaram de demonstrar que estamos imersos em uma transformação com um saldo claramente negativo para a humanidade. Pelo menos em duas das apresentações do seminário este tema foi central. Colega argentino Sergio Elguezábal, diretor do programa TN-Ecologia (Todo Notícias), apresentou vários produtos jornalísticos nos quais seus conteúdos se concentraram nos impactos negativos que a mudança no clima está provocando em várias regiões do continente, assim como em outras regiões do mundo. Em especial, concentrou-se no grave risco que correm os países insulares frente à elevação do nível do mar.
De sua parte, Max Henríquez, do Canal RCN da Colômbia, repassou alguns dos mais recentes desastres naturais ocorridos na região. Referiu-se a alguns exemplos como as catastróficas avalanches ocorridas na zona de Vargas (Venezuela) em 1999 que ceifou milhares de vidas e modificou profundamente a costa.
Mais recentemente, mencionou os efeitos devastadores do Katrina em Nova Orleáns em 2005; e fatos insólitos, como a primeira vez na história em que se formou um furacão na costa do Brasil – destruiu 30 mil casas -, ou que este ano, em Bogotá e Pasto (Colômbia), apareceram tornados, ou que na savana de Bogotá se registraram calores e frios extremos – marcando recordes históricos, assim como que durante 20 dias seguidos não choveu no departamento de Chocó – uma das regiões mais úmidas e chuvosas do planeta.
Toda esta situação resultou num enorme prestígio do Painel Internacional de Mudanças Climáticas (IPCC), ainda que as reações dos países e dos organismos internacionais não estejam à altura da gravidade da situação apresentada pelos melhores experts do mundo e, pelo visto, anunciada pelo próprio comportamento do clima. À medida que aumenta a pressão da sociedade se esperam maiores reações dos tomadores de decisões.
O empoderamento e a governança (maneira de governar mais equilibrada entre o setor governamental e não-governamental) são novas posturas das comunidades que se manifestam em atitudes e estão provocando uma mudança. Sobre este fenômenos social, os meios de comunicação jogam um papel decisivo na democratização da informação.
(Por Hernán Sorhuet Gelós*, El Pais, Tradução de Ulisses A. Nenê,
EcoAgência, 02/12/2007)
*O autor é jornalista e colunista do jornal El País, de Montevidéo, Uruguai, onde o artigo foi originalmente publicado dia 28/11/2007.