Stora Enso e Aracruz pretendem ampliar área de cultivo. Empresas têm 14,8 mil hectares no centro do Estado.
As raízes de uma extensa floresta de eucaliptos já estão plantadas no centro do Estado. São 7.905,94 hectares em sete cidades da região. Essa é apenas uma parte da área do Estado em que as empresas Aracruz e Stora Enso semearam um projeto estimado em US$ 3,3 bilhões (incluindo as fábricas de celulose que devem ser erguidas), que pretende atingir a produção de 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano, a partir de 2010, no Estado.
Na região, essa floresta, que tem as dimensões de 7 mil campos de futebol, é uma parcela pequena do que pretendem as empresas. No total, já foram contratados 14.869,06 hectares por Aracruz e Stora Enso em sete cidades. E os planos são de expansão.
Na mira da Stora Enso, estão áreas em São Vicente do Sul e São Gabriel. As dificuldades na liberação dos licenciamentos ambientais e na escrituração das áreas fizeram com que a empresa cessasse as compras de terrenos até o final do ano. Nos planos da empresa, que hoje tem 608 hectares plantados em três propriedades de Unistalda, está a meta de consolidar uma base florestal com 100 mil hectares no Estado até 2014.
Com uma meta mais audaciosa, a Aracruz planeja alcançar 2010 com 154 mil hectares de eucaliptos plantados no Estado. A intenção é ampliar a capacidade produtiva da fábrica de Guaíba, atingindo a marca de 1,3 milhão de toneladas de celulose por ano. Nas seis cidades da região em que a papeleira tem base florestal, 7.297,94 hectares já estão plantados.
Ambiente
A geração de empregos e a chegada de alternativa de renda para a metade mais pobre do Estado são os benefícios apontados pelos que defendem o florestamento. Mas a questão está longe de ser consenso no que diz respeito aos impactos ambientais sobre o bioma Pampa, como é chamado o ecossistema onde as florestas começam a nascer.
Apesar de solucionado o impasse a respeito da competência sobre a emissão dos licenciamentos ambientais - na quinta-feira, essa função voltou à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), por decisão da Justiça Federal - , os projetos de investimento ainda não têm "carta verde" para se concretizarem. Entre os impactos negativos, estaria a substituição da vegetação natural - nossos campos e arbustos - por plantações florestais não-típicas da região.
De acordo com as empresas, o impacto sobre as espécies de animais e plantas da região pode ser atenuado com a delimitação de corredores ecológicos e o respeito às Áreas de Preservação Permanente (APPs). As papeleiras declaram que, no plantio, cerca de 50% do terreno é sempre preservado, mantendo parte da vegetação original.
- A introdução de outro tipo de planta pode levar ao desaparecimento de espécies como lagartos e até arbustos - comenta o ambientalista Guilherme Rocha.
Água
De acordo com o engenheiro florestal Mauro Schumacher, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), não há risco de secarem os recursos hídricos da região por causa do florestamento. Apesar de a copa das árvores reter parte da chuvas em suas folhas, o tronco dos eucaliptos permite o escoamento de uma quantia considerável de água para o solo.
(Por Júlia Pitthan, Diário de Santa Maria, 03/12/2007)