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imprensa e meio ambiente
2007-12-03
O professor e pesquisador de questões abientais Stefan Rahmstorf acusa a mídia de lidar superficialmente com assuntos relacionados ao clima e reafirma a responsabilidade do homem pelas altas emissões de CO2. Um pedante que quer conduzir uma "guerra santa contra os que pensam diferente" – como escreveram há pouco o diário Frankfurter Allgemeine Zeitung e a versão online do semanário Der Spiegel –, Stefan Rahmstorf não parece ser.

O cientista de 47 anos é doutor em Oceanografia e, desde 1996, diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental de Potsdam. Membro do Conselho do Clima das Nações Unidas, ele pertence ainda à Comissão Científica de Mudanças Ambientais Globais do governo alemão.

Rahmsdorf torna-se incômodo sempre quando jornalistas, à sua volta, começam a duvidar dos resultados das pesquisas sobre o meio ambiente. É quando ele passa a participar, mesmo que a contragosto, do debate público sobre o assunto. "Uma coroa de louros não se ganha com isso de jeito nenhum. Mas todas as vezes que tais artigos céticos são publicados no jornal com os dizeres 'o homem só contribui com 3% das emissões de CO2', chovem perguntas sobre a minha mesa. Neste caso, vale mais a pena esclarecer a situação num artigo do que responder a centenas de e-mails", diz Rahmstorf.

Vozes contrárias
Stefan RahmstorfBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Stefan RahmstorfO pesquisador esclarece o que significam pronunciamentos como os do norte-americano Fred Singer, por exemplo, que costuma ser consultado com freqüência também pela mídia alemã na condição de "especialista em meio ambiente". Singer rejeitava, há alguns anos, a ocorrência das mudanças climáticas, embora hoje já acredite que tais mudanças praticamente não possam mais ser freadas.

Neste sentido, Singer faz parte de uma pequena minoria, que, no entanto, é citada com freqüência, "porque a mídia sempre precisa de vozes contrárias", comenta Rahmstorf, com pouca ou nenhuma paciência para declarações que, em sua opinião, contêm meias verdades. Nesses casos, ele costuma telefonar diretamente para os editores dos jornais, ou escreve ele próprio "esclarecimentos".

Aquecimento global
Os críticos de Rahmstorf costumam se irritar com seu tom, mas de seus argumentos ninguém duvida. Objetivamente, ele explica que "a concentração de CO2 é hoje muito mais alta do que nos últimos 650 mil anos de história ambiental. Sabemos que o homem é o responsável por isso". Óbvia também é, segundo ele, a constatação de que o aumento da concentração de CO2 tem sido o principal responsável pelo aquecimento da Terra nos últimos anos.

Entre as informações errôneas que Rahsmtorf costuma detectar na mídia, está, por exemplo, uma reportagem veiculada pela televisão alemã que creditou aos vulcões uma emissão de CO2 maior do que a causada pelo homem. Na realidade, as emissões pelas quais o homem é responsável são 50 vezes mais altas, diz ele.

Políticos omissos
Esta postura de corrigir afirmações levianas fez com que Rahsmtorf levasse a fama de arrogante. Sua postura incomoda, num contexto em que a classe política insiste em não reagir adequadamente, diz o pesquisador.

Fazer pronunciamentos públicos não é, definitivamente, o que Rahsmtorf mais gosta de fazer. Se pudesse, ele preferiria passar seus dias apenas pesquisando. Mesmo que ainda se sinta fascinado pelas pesquisas ambientais, ele lamenta "ter que ficar tornando públicas as más notícias sobre o clima. Embora a verdade seja a de que também não podemos nos esconder numa torre de marfim", conclui o cientista.
 
(Por Jens Thurau, Deutsche Welle, 30/11/2007)


 

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