Para o secretário de Estado de Agricultura e Pecuária (Seap), a usina da Álcool Verde está criando a oportunidade de que o Acre precisava para romper com a monocultura do pasto. "A cana surge como atividade econômica rentável e geradora de empregos. Já está causando uma verdadeira revolução no campo, tanto pela mudança da paisagem como por mudar a mentalidade de nosso produtor, acostumado a produzir unidades para passar a encarar a produção em escala industrial", afirma.
Ele lembrou que os canaviais terão de ser renovados a cada seis anos. Nesse intervalo, faz-se necessária uma rotação de cultura com variedades de leguminosas que ajudem a recuperar o solo. Entre elas tem se destacado nas áreas desocupadas pelos canaviais do Centro-Sul do Brasil o plantio lucrativo do amendoim. "O plantio da cana estimulará plantios de produtos como feijão, amendoim e outros, que aumentarão a oferta de alimentos para nossa população,"
No início desta semana foram feitos os primeiros testes da quantidade de sacarose (açúcar) contida na cana produzida em Capixaba e os resultados variaram de 19 a 20% de brix. "É um número muito bom porque significa que vamos produzir uma média de 147 quilos de açúcar por tonelada de cana. A partir de 130 quilos já é considerada uma boa produção, mas a tendência é de que melhoremos esses números com a chegada do verão."
Organização é fundamental
Ao comprar o que restou da antiga usina da Alcoobrás, que nunca havia sido posta em funcionamento, o ex-governador Jorge Viana, incentivado pelo senador Sibá Machado, teve como objetivo estimular sua reativação e garantir a participação dos pequenos produtores familiares nos agronegócios de grande porte, como é o caso da Álcool Verde.
"Para que eles possam participar de negócios do grande capital, como é o caso da usina, é fundamental que os produtores compreendam o que é e para que está sendo instalada essa usina, que se organizem e se qualifiquem para ser não apenas vendedores de matéria-prima, mas com capacidade para gerenciar bem sua parte do negócio", explicou o secretário da Assistência Técnica, Extensão Rural e Produção Familiar, Nilton Cosson.
Outro efeito deverá ser a diversificação da produção de alimentos e oferta de uma variedade de produtos como rapadura, mel, alfinim e outros derivados da cana. "Serão produtos tradicionais feitos com o mel de cana mais produtivas como forma de não tornar o produtor totalmente dependente da usina. A proposta do governador Binho Marques é envolver todos os florestanos nesse processo, para que, estando empoderados, atinjam nosso objetivo principal, que é estimular a auto-suficiência dos produtores familiares."
Inovação no campo
Ao longo da história brasileira, os canaviais sempre se destacaram como atividade praticada pelos grandes latifundiários, em que os pequenos produtores participavam apenas como trabalhadores braçais. "No Acre estamos mudando a história e tornando os pequenos produtores familiares organizados em sócios e até proprietários de grandes negócios. O ex-governador Jorge Viana e agora o governador Binho Marques estão garantindo a participação dos pequenos produtores na Alcoobrás, fábrica de tacos e demais investimentos, criando assim a parceria pública, privada e comunitária no Brasil", destacou Cosson.
(Por Juracy Xangai, Página 20, 29/11/2007)