O presidente do Worldwatch Institute (WWI), Christopher Flavin, criticou o modelo de geração de energia adotado pelo governo brasileiro, que privilegia o menor preço possível, independente da matriz energética utilizada. "É importante incluir o custo ambiental nessa equação. Se considerado o custo ambiental, as energias renováveis seriam a melhor opção", disse ele, no Fórum Internacional de Energia Renovável e Sustentabilidade - Eco Power, em Florianópolis.
Sediado em Washington, o Worldwatch Institute é uma organização independente de pesquisa interdisciplinar, com enfoque global. Na avaliação de Flavin, a utilização cada vez maior de usinas térmicas no Brasil é condenável. "É um grande erro e isso demonstra uma falha de política. O Brasil tem um enorme potencial para a utilização de bioenergia, energia eólica e energia solar. Todos os resíduos da agricultura e da pecuária, atividades em que o Brasil é forte, poderiam ser utilizados na geração de eletricidade", disse, lembrando ainda do potencial energético das usinas de co-geração, que utilizam o bagaço de cana resultante da produção do etanol.
A retomada dos investimentos em energia nuclear também foi bastante criticada por Flavin. "O Brasil é o último país no mundo que deveria utilizar energia nuclear, uma alternativa para países pobres em recursos naturais, como Japão e China. É um tipo de energia cara, que possui problemas técnicos e de segurança, além da questão do lixo radioativo", declarou.
Para Flavin, o Brasil comete um erro ao não querer assumir metas para a redução de emissão de gases perante organismos internacionais. Segundo ele, o Estado da Califórnia adotou esse tipo de medida não apenas por suas preocupações em relação a mudanças climáticas, mas também porque a economia do Estado seria fortalecida. "Ao assumir metas de redução de emissões, o Brasil melhoraria sua imagem internacional e fortaleceria sua economia. É um erro negar-se a assumi-las", disse.
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A Tarde, 29/11/2007)