A China e o Brasil vão proporcionar gratuitamente à África imagens do continente tiradas por satélite para ajudar na luta contra o desmatamento, a desertificação e a seca.Um satélite lançado em setembro pelos governos brasileirro e chinês transmitirá as imagens, atualizadas mensalmente, a quatro estações terrestres, uma delas no arquipélago espanhol das Canárias.
O custo aproximado desse projeto é estimado em 100 milhões de dólares.
"Quanto vale (para a África) um traçado atualizado de suas áreas agrícolas? Não tem preço", comentou para a AFP Gilberto Camara, diretor-geral do Inpe, Instituto Nacional de Pesquisa Espacial do Brasil.
Camara participou de reunião organizada na Cidade do Cabo pelo Grupo de Observação da Terra (GEO) sobre os novos métodos para supervisionar e compartilhar informação sobre o estado do planeta.
China e Brasil anunciaram a intenção de contribuir, em conjunto, para o desenvolvimento sustentável e a gestão de riscos na África.
Segundo Gilberto Camara, esta cartografia permitirá "aos governos e às organizações na África o uso de imagens de satélite para supervisionar e responder a catástrofes causadas pelo desmatamento, a desertificação e as secas, assim como a ameaças à produção agrícola e à segurança alimentar, além dos perigos emergentes para a saúde", destacou.
"Se há uma lição (a ser aprendida) na história da humanidade, é que a generosidade é rentável", frisou o brasileiro.
China e Brasil também poderão patrocinar o programa de informática das quatro estações terrestres para ler os dados transmitidos via satélite.
A primeira destas estações, na África do Sul, começará a receber imediatamente os dados, segundo Camara.
Seguirá a estação do Quênia no princípio do ano que vem e as das Ilhaas Canárias (Espanha) e Matera (Itália) em junho de 2008.
A reunião do GEO, com a participação de ministros e representantes de mais de 100 governos e organismos internacionais, analisa os progressos realizados através da integração global de sistemas de supervisão nacionais para melhorar a informação em tempo real sobre a mudança climática.
A expectativa é a de que o Sistema Mundial de Sistemas de Observação da Terra (GEOSS) permita reduzir a vulnerabilidade de determinados países ante a mudança ambiental e os desastres, assim como melhorar sua gestão em matéria agrícola, energética e de outros recursos.
(Agência
G1, 28/11/2007)