O líder alerta: “O tempo está mudado. Quando vem a seca, vem muita seca, quando vem a chuva, vem muita chuva”. O recado é de Marcos Terena, presidente do Comitê Intertribal – Memória e Ciência Indígena.
Ele falou aos atletas e lideranças sobre preservação do meio ambiente e mudanças climáticas, durante o Fórum Social Indígena, evento paralelo aos Jogos dos Povos Indígenas.
"O branco está machucando a nossa mãe [o planeta]. E a água, que tem valor sagrado e espiritual, está acabando”, disse Terena.
Os índios que ouviram o alerta podem até não entender o que significa a sigla CO2 (dióxido de carbono), mas muitos já passam por problemas relacionados ao meio ambiente.
O cacique Kiki da etnia Tenharim, do Amazonas, disse que no ano passado diminuiu o volume do Rio Marmelo, onde os índios pescam. “Matou muito peixe. Foi ruim para os ribeirinhos também”, reclama.
Convivendo com esse problema, o cacique teme outras mudanças na reserva. A aldeia Tenharim fica próxima a uma região que será alagada para a construção do Complexo de Hidrelétricas do Rio Madeira (RO). “Ninguém sabe como vai ficar a sobrevivência para os povos indígenas da Amazônia. Pelo menos os Tenharim estão muito preocupados.”
Além dos possíveis impactos ao meio ambiente em conseqüência das obras, o cacique teme a invasão da Terra Indígena Tenharim. “Preservamos quase todos os nossos costumes. O contato poderia mudar o comportamento da população”, disse. “Não estamos acostumados”, acrescentou em referência ao modo de vida da população da cidade.
Outro povo que não quer a construção de hidrelétricas próximas às suas terras são os Kayapó, de Mato Grosso. O cacique Ngôtyk reclama da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu.
“Achamos que barragem vai trazer inundações e escassez de peixes. Ouvimos que outros povos foram expulsos de suas terras e até passam fome por causa dessas barragens."
(Por Isabela Vieira,
Agência Brasil, 28/11/2007)