O governo britânico afirmou nesta quarta-feira estar "analisando" uma proposta apresentada pelo governo da Guiana segundo a qual o Reino Unido seria responsável pela manutenção da porção de floresta amazônica do país.
Um assessor do primeiro-ministro, Gordon Brown, confirmou o recebimento de uma carta enviada pelo governo da Guiana. "Recebemos uma carta do presidente e a estamos analisando", disse.
No sábado, uma reportagem do jornal britânico "The Independent" afirmou que o governo do país sul-americano ofereceu a floresta em troca de um pacote de financiamentos para desenvolvimento sustentável e assistência técnica para tornar a indústria do país mais viável ambientalmente.
Em 1989, o governo da Guiana criou a reserva internacional de Iwokrama e entregou a administração da área de mais de 400 hectares à Comunidade Britânica, formada pelas ex-colônias britânicas e países convidados.
Apoio da oposição "Nossa oferta de parceria com o Reino Unido está de pé, queremos negociar e determinar os detalhes mais precisos para o progresso (do plano)", disse Bharrat Jagdeo, presidente da Guiana, que está no Reino Unido.
Os partidos de oposição britânicos deram apoio ao plano.
"Esta é uma novidade muito interessante. Precisamos trabalhar nas propostas que a Guiana fez em um nível internacional e expandir para cobrir não apenas a Guiana, mas também o Brasil, Venezuela e outros países onde está a floresta tropical", disse Chris Huhne, porta-voz para meio ambiente do Partido Liberal Democrata, o segundo mais importante de oposição no Reino Unido, depois do Partido Conservador.
A Guiana é um dos países mais pobres da América do Sul e sua floresta está sofrendo com a mineração e derrubada de árvores.
Um porta-voz de Gordon Brown afirmou que "existem questões complexas envolvidas".
Mas, para o presidente Jagdeo, a soberania do país não é uma destas questões e ele está procurando um parceiro para enviar um "sinal ousado" antes da conferência da ONU sobre mudança climática na Indonésia, em dezembro.
"Muitos problemas na implementação (do projeto) serão identificados. Mas as próximas gerações não vão nos perdoar se não fizermos nada e não estabelecermos uma liderança", disse.
O presidente da Guiana acrescentou que não espera apoio do contribuinte britânico no longo prazo e está aberto a iniciativas do setor privado.
O governo britânico já liberou 50 milhões de libras (o equivalente a mais de R$ 190 milhões) à República Democrática do Congo para que o país protegesse suas florestas.
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Folha Online, 28/11/2007)