A comunidade de Guaçui está sendo chamada a participar da luta para controle da expansão dos plantios monoculturais de eucalipto no município. O apelo é para que os moradores compareçam em massa à Câmara Municipal na próxima segunda-feira (3), às 19 horas, para garantir a aprovação em segundo turno do projeto de lei com este objetivo.
Entre os que estão participando da mobilização está o biólogo João Batista Oliveira Gomes, que é professor em Guaçui. O projeto aprovado em primeiro turno é do vereador Lucimar Moreira de Carvalho e limita os plantios de eucalipto ao máximo de 20% do território. O projeto foi aprovado com os votos dos vereadores José Luiz Pirovani, Hélio Muruci, Josilda Amorim e Nina Brasil.
Para afastar riscos de mudança na próxima votação, a comunidade está em alerta. Daí os ambientalistas e profissionais ligados à defesa do meio ambiente na região terem intensificado os contatos e a mobilização. Informam que vitoriosos nesta 1ª votação, é preciso comparecer em massa na segunda, que é definitiva.
Pedem apoio “de todos para que possamos, em número representativo, apoiar a iniciativa do vereador Lucimar Moreira e assim regulamentarmos de vez o plantio de exóticas em nosso município”. A comunidade está sendo mobilizada pela ONG ambientalista Aguapam, pela Aguapesca, e conta com apoio do Consórcio Caparaó. Os ambientalistas buscam mobilizar os estudantes de Guaçui.
Os plantios monoculturais do eucalipto provocam danos ambientais conhecidos. A espécie exótica consome muita água e destrói a terra pelo uso intensivo. Nos plantios são usadas grandes quantidades de venenos agrícolas, principalmente formicidas e herbicidas. Esses promovem destruição da flora e da fauna.
Também causam prejuízos econômicos, pois rendem 25 vezes menos do que os plantios agrícolas. E causa desemprego, pois a mão-de-obra empregada nas plantações é extremamente reduzida. Na primeira votação ficaram contra o controle dos plantios de eucalipto em Guaçui os vereadores Hélio José Ferraz, Rubens Marcelino e Serralha. Pelo menos dois deles podem mudar seu voto, como esperam os ambientalistas.
Durante a votação do projeto, “o vereador Helio Muruci foi muito feliz quando colocou a questão social que está por traz da monocultura do eucalipto. Como que famílias de pequenos produtores irão sobreviver durante os sete anos, que é ciclo da planta? Como fica a questão do desemprego? E as pessoas que vivem da colheita do café?”, indagou, segundo relato do professor João Batista Oliveira Gomes.
Ele informou ainda que o vereador José Luiz Pirovani “também foi muito combativo em defesa do projeto. Enumerou várias desvantagens do plantio desordenado que já está sendo feito em nosso município”.
Destaca finalmente que o autor do projeto, vereador Lucimar Moreira de Carvalho, foi contundente: “Somos uma verdadeira caixa-d’água do Espírito Santo. Do Caparaó saem três bacias hidrográficas e nossa responsabilidade é muito grande”. Lembrou a destruição ocorrida na norte e no noroeste do Estado e ainda que “o eucalipto é originário da Austrália, e é planta usada para secar pântanos”.
(Por Ubervalter Coimbra,
Século Diário, 29/11/2007)