O setor florestal de Minas Gerais pretende manter a liderança do Estado como o principal produtor de madeira de florestas plantadas do País, além de atingir a auto-suficiência em matéria-prima até 2014. Por conta do crescimento da demanda de segmentos como o de celulose siderúrgico e metalúrgico (ferro-ligas e ferro-gusa), painéis e móveis, o déficit no abastecimento chega a 50%, o que poderia provocar o chamado "apagão florestal" e induzir o corte de madeira nativa.
O setor de base florestal é o terceiro na pauta de exportações do agronegócio mineiro, atrás apenas de café e carnes. O volume total de exportações chegou a US$ 490 milhões entre janeiro e outubro deste ano, crescimento de 32% em relação ao mesmo período do ano passado. Atualmente, o Estado possui a maior área de floresta plantada no País, com 23% do total, de 1,2 milhão de hectares. As plantações estão presentes em 300 municípios mineiros e ocupam 2,1% da área do Estado.
De acordo com o presidente da Associação Mineira de Silvicultura (AMS), Bernardo de Vasconcellos, a situação já foi pior. Em 2000, o Estado plantava o equivalente a 70 mil hectares/ano, número que já atingiu o patamar dos 155 mil hectares/ano em 2007. Para suprir as indústrias e reduzir o desequilíbrio entre oferta e demanda, o plantio deveria atingir 170 mil hectares por ano, até atingir uma área total de 1,8 milhão de hectares em 2008.
Para isso, a AMS e o Sindicato da Indústria do Ferro do Estado (Sindifer) firmaram um pacto de sustentabilidade que prevê a desburocratização do licenciamento ambiental e a modernização das leis neste setor. As indústrias também propuseram um volume de investimento de R$ 1,5 bilhão por ano ao longo de dez anos. A meta de plantio em 2014, segundo Vasconcellos, significaria a ocupação de apenas 3% da área total de Minas Gerais.
Hoje, o governo mineiro anunciou a criação de uma Câmara Técnica de Desenvolvimento Florestal, envolvendo seis secretarias de Estado e a criação de um Fundo Pró-Florestas, compostos por um montante entre R$ 25 milhões e 30 milhões, que serão repassados pelo Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Gilman Viana Rodrigues, os recursos terão como objetivo o fomento ao plantio e poderão ser liberados à medida da aprovação do projeto técnico. A expansão, conforme o secretário, poderia envolver a ocupação de áreas degradadas, principalmente pastagens, além da integração entre a silvicultura, lavoura e pecuária.
Foi anunciada também hoje a criação do Pólo de Excelência em Florestas, que será sediado em Viçosa, na zona da mata mineira. O pólo irá promover a integração entre o mercado, universidades e instituições de pesquisa e será responsável pela articulação entre as cadeias produtivas e as instituições de financiamento, governo e parceiros.
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A Tarde, 29/11/2007)