Ao responder ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que disse preferir ficar ao lado de 12 milhões de pessoas do que ao lado de Dom Luis Cappio, que faz greve de fome contra as obras de transposição do Rio São Francisco - o sacerdote afirmou que "este é um discurso antigo", que chama de "propaganda enganosa".
"Essa água não é para 12 milhões de pessoas, é para pequenos grupos do capital. Até agora não tiveram a coragem de assumir para quem é destinado o projeto, não tiveram a coragem de assumir a verdade. Continuam com essa falácia, continuam com essa propaganda falsa, enganando as pessoas", afirmou o bispo. E completou: "O presidente devia ser mais verdadeiro e dizer com clareza para o Brasil a realidade desse projeto, dizer para quem esse projeto vai ser útil."
Compromisso
Ele relembrou que há dois anos, quando suspendeu seu primeiro jejum em Cabrobó (PE), só fez isso "porque houve um compromisso do governo para que fossem paralisadas as obras e houvesse negociações". "Nós confiamos na palavra do governo, nós respeitamos as assinaturas de autoridades. O diálogo teve início, mas logo se acabou. Nós acreditávamos que era devido ao ano eleitoral. Mas quando terminou e Lula foi reeleito, nós o procuramos, no início deste ano, pedindo a reabertura do diálogo. A resposta do presidente foi o início das obras de transposição", afirmou.
O bispo afirmou que não houve abertura para o diálogo. "Pelo contrário, foi o fechamento, o ensurdecimento dele para as contribuições dos movimentos populares", disse. "O governo manteve-se surdo. Foram dois anos de tentativa e nada aconteceu. As coisas ficaram piores. Esse é o motivo pelo qual retomei o jejum."
Perguntado se a greve de fome não é, para a igreja, suicídio, Cappio respondeu: "Para os que fazem esse tipo de análise eu recomendaria que lessem o Evangelho, que conhecessem um pouquinho mais a pessoa de Jesus Cristo. Quem faz esse tipo de análise, esse tipo de discurso, desconhece as verdades do Evangelho. A história da Igreja é uma história de mártires, de homens e mulheres que deram a vida por amor à sua fé, por amor a seus irmãos."
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A Tarde, 29/11/2007)