O Brasil caminha na contramão da geração de energia não-poluente. Esta foi uma das conclusões dos relatórios do Fórum Brasileiro de Organizações Não-Governamentais e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS), apresentados nesta quarta-feira (28/11) durante audiência pública da Comissão Mista Especial de Mudanças Climáticas.
“Os últimos leilões de energia aprovaram a construção de termelétricas à base de carvão, de gás ou óleo diesel, que são combustíveis fosseis e aumentam a emissão de gases poluentes”, lembrou o coordenador do grupo de trabalho sobre o clima do Fórum, Rubens Born, que participou da audiência.
Em entrevista à Agência Brasil, Born disse considerar "um retrocesso" no combate aos efeitos do aquecimento global o fato de o governo brasileiro permitir a construção de termelétricas poluentes. Ele sugeriu que o país invista, por exemplo em energia eólica.
Sobre a possibilidade de construção de usinas nucleares para geração de energia, o coordenador discordou: "Não é verdadeira a alegação de que elas não liberam gases poluentes. O Greenpeace fez um relatório mostrando que as usinas nucleares têm, sim, uma liberação significativa de gases.”
Os relatórios apresentados à comissão também alertam para a necessidade de o Brasil se adaptar ao aquecimento global. "Temos que nos adaptar a viver num país com condições climáticas diferentes em decorrência do aquecimento global. O planeta vai continuar aquecendo nos próximos 20 anos, em função dos gases que já foram emitidos”, afirmou Born.
O ambientalista sugeriu ainda a realização de mais estudos ou levantamentos sobre as necessidades do país, como a de arborização das cidades, a fim de amenizar o calor previsto para daqui a alguns anos.
Os dois relatórios - Mudanças Climáticas e o Brasil e Governança Ambiental Internacional – estão disponíveis nos endereços eletrônicos www.vitaecivilis.org.br e www.fboms.org.br.
(Por Grazielle Machado, Agência Brasil, 28/11/2007)