Porto Alegre (RS) - Além de utilizações tradicionais como produção de óleo para biodiesel e geração de energia, a mamona pode ser usada para a descontaminação de solos. A planta possui um potencial de tolerar grandes quantidades de metais, o que garante que ela se desenvolva mesmo em áreas contaminadas. A conclusão é de um estudo do Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
O professor Marcelo Gravina de Moraes, que coordena os trabalhos, explica que os estudos iniciaram em 1997. Na época, sua equipe realizou um levantamento sobre as plantas que poderiam crescer em solos com alta concentração de metais no Estado. Ele conta que, das 30 espécies testadas, a mamona foi a que se mostrou mais adequada para crescer neste tipo de ambiente.
“A escolha da espécie de mamona se deveu principalmente ao potencial de tolerância aos metais tóxicos e também à característica de crescimento da mamona, que é uma planta que tem um crescimento bastante razoável em termos de matéria seca, de biomassa. E também ao interesse da mamona como produtor de óleo, importante na produção de óleo para biodiesel e também de óleos industriais”, afirma.
De acordo com o professor, o objetivo agora é aumentar o potencial acumulador da mamona por meio de mudanças em sua estrutura genética. “Esse aumento é feito através da introdução de genes na mamona que são responsáveis pela acumulação de metais. Agora, o laboratório está identificando alguns tipos de genes, usando genes já previamente descobertos e transferindo esses genes para a mamona, via transformação genética”, diz.
Com a pesquisa, Gravina avalia que a mamona vai ganhar novas formas de utilização. Além de produção de óleo para biodiesel, outros óleos industriais e geração de energia, pode ser usada também para a descontaminação do solo, garantindo um benefício ambiental.
“Tu estás tendo múltiplos usos, tu está adicionando um uso em uma espécie cultivada que vai aumentar muito a área cultivada no Brasil. E ela poderia ocupar, por isso, solos menos nobres, que devem ser preservados para a produção de alimentos. Então, se tu tens uma área contaminada, por exemplo, tu não vai plantar alface nela. Tu podes plantar mamona ou outra espécie que seria tolerante e, melhor ainda, acumuladora de metais”, destaca.
No Rio Grande do Sul, as contaminações do solo são causadas principalmente por resíduos das indústrias metalúrgica, petroquímica e coureira, mineração e uso de pesticidas na agricultura. Os metais tóxicos mais comuns são o cobre, o cádmio, o mercúrio, o chumbo e o cromo.
(Por Patrícia Benvenuti,
Agencia Chasque, 27/11/2007)