Terreno abrigou o lixo orgânico de Bento entre 1993 e 2002
Processo tratará líquido resultante da decomposição das 180 mil toneladas de dejetos depositados no local
Bento Gonçalves - Nos próximos 90 dias, a área de três hectares (30 mil metros quadrados) na localidade de Linha Buratti e que serviu como aterro sanitário durante nove anos, será recuperada. O trabalho é chamado de remediação. Ele consiste na captação e tratamento do chorume, o líquido resultante da decomposição das 180 mil toneladas do lixo depositado no local.
Atualmente, o produto escorre para o Arroio Buratti, uma das fontes de abastecimento dágua da cidade. Desde 2003, após o fechamento do depósito, os dejetos orgânicos de Bento são levados para Minas do Leão, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Nos próximos quatro anos, a área em Linha Buratti será monitorada e não poderá mais ser utilizada. De 1993 até 2002, cerca de 20 mil litros de chorume eram produzidos diariamente (em nove anos, foram aproximadamente 65,7 milhões de litros). De acordo com Rudimar Vedane, dono da empresa Nova Era Indústria de Mineralização, que realizará o trabalho, o planejamento para a recuperação começou há cerca de um ano, com estudos do terreno. A empresa já realizou a remediação de aterros em Passo Fundo e Soledade e trabalha com recuperação de áreas degradadas há 10 anos. A obra está orçada em R$ 420 mil.
- Levaremos o chorume até a estação de tratamento por meio de uma lagoa de decantação. Ele será levado do pé do aterro, pelas laterais, por uma extensão de mil metros até chegar na estação - explica Vedane, destacando que ao fim de três meses também será feita a cobertura vegetal do terreno.
Conforme o prefeito Alcindo Gabrielli (PMDB), a decisão de recuperar o local é uma ação ambiental para o futuro da cidade:
- Foi uma decisão política e em respeito ao meio ambiente. Essa recuperação deveria ter ocorrido há bastante tempo, já que o aterro iria funcionar até 1998, mas por dificuldade de se conseguir um novo local, funcionou até 2003 - diz Gabrielli.
De acordo com o prefeito, em janeiro começa o processo de licitação para a construção da nova estação de transbordo (de onde é carregado o lixo) a 700 metros do local onde é hoje, no Loteamento Pomarosa.
O presidente da Associação Bento-gonçalvense de Proteção ao Ambiente Natural (Abepan), Luiz Signor, comemora a ação, que na opinião dele, demorou para sair:
- Nós, que estamos há 18 anos cuidando das questões ambientais, ficamos felizes porque o projeto foi desengavetado.
(O Pioneiro, 28/11/2007)