A Região Metropolitana de Porto Alegre é a segunda pior do país quando o assunto é recolhimento e tratamento de esgoto.
Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Rio de Janeiro, e apresentado ontem mapeou o saneamento básico do Brasil. O resultado surpreendeu os organizadores: apenas 10% da população da Capital e dos municípios vizinhos são beneficiados.
O Centro de Políticas Sociais da FGV fez o estudo a pedido da organização não-governamental Trata Brasil, com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A coordenação foi do professor Marcelo Neri, um dos pesquisadores mais prestigiados do país.
- Foi uma surpresa para nós essa colocação da região de Porto Alegre. O nível de saneamento está muito próximo ao do Nordeste - afirma Neri.
Além do segundo pior índice, a Região Metropolitana aparece como a única entre as 10 analisadas que, entre 1992 e 2006, regrediu o número de pessoas com acesso a esgoto tratado. De 19,55% da população, passou para 10%. A situação somente é pior na região de Belém (PA), com 9,27%. O Rio Grande do Sul, apesar de não estar nas últimas colocações, passa longe do esperado de um Estado com bons indicadores. Apenas 14,77% da população tem esgoto canalizado e tratado. Significa que os dejetos da grande maioria vão para os arroios e rios, contaminando a água.
Em Porto Alegre, apenas 27% do esgoto recebe tratamento
- Houve muito crescimento populacional em áreas de risco, beira de arroios, locais onde o poder público não chega com obras. Não pesquisei, mas acredito que muitas das internações em hospitais têm a ver com essa condição - diz o professor Gino Gehling, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
O diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) da Capital, Flávio Presser, lembra que a prioridade dos anos 70 e 80 foi oferecer água potável, não tratar esgoto.
- Os recursos para essa área eram muito baixos. Com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é que a coisa está mudando. Para Porto Alegre, virão R$ 256 milhões. Hoje, tratamos 27% do esgoto produzido. Com as obras previstas no Programa Socioambiental, passaremos para 77% em cinco anos - prevê Presser.
A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), responsável por 319 municípios, destaca que o problema é maior em Alvorada, Guaíba, Viamão, Esteio e Sapucaia do Sul. Para elas, R$ 253 milhões, entre recursos federais, próprios e financiados, estão previstos para aumentar a rede.
- Nossos números também apontavam algo em torno de 13% da população com esgoto tratado. Com as novas obras, chegaremos a 30%. Seguindo esse ritmo, podemos alcançar 60% em 12 anos - avalia o secretário de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano, Marco Alba.
(Por Leandro Rodrigues, Zero Hora, 28/11/2007)