A falta de saneamento básico afeta de forma direta a mortalidade na faixa etária de um a seis anos. É o que mostra levantamento realizado pela Fundação Getulio Vargas em conjunto com a organização não-governamental (ONG) Trata Brasil, divulgado nesta terça-feira (27/11).
Segundo revelou à Agência Brasil o coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV, Marcelo Néri, a falta de saneamento não induz tanto à mortalidade de crianças com até um ano de idade. “Ou seja, é mortalidade na infância e não infantil, porque acontece que a criança [com] até um ano de idade fica mais em casa, mais próxima da mãe, enquanto uma criança de um a seis anos brinca mais próximo da vala negra. Ela está mais exporta às doenças do saneamento”.
Néri acrescentou que “a chance de uma criança de um a seis anos morrer pelo fato de que não dispõe de esgoto tratado é 32% maior do que uma criança que não tem esgoto”. Esse é, disse Néri, um dos principais resultados da pesquisa.
Marcelo Néri informou que entre as crianças de um a seis anos, os meninos são os mais suscetíveis às doenças causadas pela falta de tratamento de esgoto, ao fato de brincarem mais fora de casa do que as meninas. A pesquisa também mostra que o esgoto não tratado aumenta em 30% as chances de crianças morrerem ainda no útero. “Então, de zero a um [ano de idade] é pouco afetado, de um a seis é bastante e pré-natal também é bastante afetado”, declarou o especialista da FGV.
Marcelo Néri afirmou que há correlação entre a falta de esgoto e a mortalidade na infância. O estados que apresentam os mais altos índices de mortalidade na infância são Sergipe e Ceará. A pesquisa revela que 2,2% do total de filhos caçulas de um a seis anos morreram nos últimos cinco anos em Sergipe e 1,87% no Ceará, no mesmo período. A média nacional é de 0,96%, de acordo com dados de 2006.
Os dados do levantamento estarão disponíveis no site da ONG Trata Brasil a partir das 12 horas, no endereço www.tratabrasil.org.br.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 27/11/2007)