O Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD (Programa das Nações Unidas), divulgado nesta terça-feira em Brasília, afirma que as mudanças climáticas "vão minar os esforços feitos pela comunidade internacional para combater a pobreza".
A edição deste ano do relatório do PNUD destacou o impacto das mudanças climáticas no desenvolvimento humano e nas Metas do Milênio --conjunto de objetivos comuns estabelecidos por líderes mundiais para ser alcançado até 2015.
"As mudanças climáticas estão prejudicando os esforços para se cumprir a promessa das Metas do Milênio", afirma o texto do PNUD. "Olhando para o futuro, o perigo é que as mudanças climáticas irão interromper e depois reverter o progresso construído através de gerações, não só na redução da pobreza, mas em saúde, nutrição, educação e outras áreas."
Segundo o PNUD, o fracasso no combate às mudanças climáticas vai diminuir as oportunidades de 2,6 bilhões de pessoas --ou 40% da população mundial.
"Cidades como Londres e Los Angeles podem enfrentar enchentes com o aumento do nível do mar [causado pelo aquecimento global], mas seus moradores estão protegidos por sistemas avançados de defesa de enchentes", diz o texto.
"Em contraste, quando o aquecimento global mudar os padrões de temperatura no Cabo da África, (isso) significará que colheitas fracassarão e pessoas terão que enfrentar a fome ou que mulheres e jovens passarão mais tempo transportando água."
"Sejam quais forem os riscos para as cidades do mundo rico, hoje as verdadeiras vulnerabilidades das mudanças climáticas relacionadas a tempestades e enchentes estão nas comunidades rurais nos deltas dos grandes rios, como o Ganges, o Mekong e o Nilo, e em favelas urbanas espalhadas pelo mundo em desenvolvimento."
O relatório afirma ainda que se nada for feito para conter as emissões de gases nocivos ao ambiente, a temperatura média do mundo pode subir 5º C até o fim do século. Se houver ação coordenada, o impacto poderia ser reduzido para 2º C. Os números são parecidos com os apresentados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, que trabalha com um aumento de 1,8ºC a 4ºC até 2100.
O relatório recomenda que os países do mundo comecem a trabalhar em acordos para substituir o Tratado de Kyoto, sobre emissões de CO2 (dióxido de carbono), que expira em 2012.
O PNUD é a agência da ONU para promover o desenvolvimento humano. Todo ano, o relatório analisa em profundidade algum tema de desenvolvimento humano, como saneamento, educação ou, como foi neste ano, o impacto do clima.
Além disso, o documento traz um ranking mundial que classifica os países em diferentes categorias de desenvolvimento. Neste ano, pela primeira vez, o Brasil aparece entre os países de "alto desenvolvimento humano" no ranking do relatório.
(
Folha Online, 27/11/2007)