Um estudo elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgado nesta terça-feira aponta que 53% da população brasileira não possui saneamento básico e que, no que depender do retrospecto da área, o problema só estará totalmente resolvido no ano de 2.122.
O relatório apresentado ontem foi feito pelos técnicos da FGV a pedido do instituto Trata Brasil, uma entidade sem fins lucrativos que reúne empresas que visam incentivar medidas de responsabilidade socioambiental.
De acordo com os pesquisadores, as populações mais afetadas pela ausência de boas condições de saneamento básico são crianças de um a seis anos de idade e as grávidas.
O movimento alerta que a divulgação do estudo é importante neste momento por dois fatores: o fato de haver recursos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) disponível para a área e o período pré-eleitoral, uma vez que em 2008 ocorrem as eleições municipais em todo país. Outro fator é que a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu 2008 o ano internacional do saneamento básico.
Evolução O estudo da FGV cruza várias fontes de dados para avaliar as condições de saneamento básico da população brasileira. Uma delas é a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A tabulação feita pelos técnicos da fundação constatou que a taxa de acesso ao esgoto tratada aumenta conforme a faixa etária analisada, índice de escolaridade e se a pessoa mora na região urbana ou rural.
Em 1992, 36,02% da população tinha acesso ao esgoto tratado. Esse índice passou para 46,77% em 2006.
Em 1992, o acesso ao esgoto tratado abrangia 29,1% da população da faixa etária compreendida entre zero a quatro anos de idade. Em 2006 esse número saltou para 40,3% nesta mesma faixa etária.
Já 40,2% daqueles com idade entre 55 e 59 anos tinham acesso ao esgoto tratado em 1992. Esse número saltou para 51,6% em 2006.
Em 1992, 17,1% daqueles que detinham de um a três anos de estudo tiham acesso ao esgoto tratado, passando a 25,5% em 2006. A evolução foi menor entre aqueles que possuem de oito a 11 anos de estudo (53,3% em 1992 para 56,3% em 2006). Os que detém mais de 12 anos ou mais de estudo são os que mais têm acesso a sistemas de tratamento de esgoto: 70,8% em 2006.
O estudo revela diferenças geográficas no atendimento ao saneamento básico. Enquanto o esgoto tratado é uma realidade para apenas 2,9% da população moradora da zona rural da cidade, o índice de atendidos na zona urbana é de 48,7% passando para 63% em regiões metropolitanas.
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Folha Online, 27/11/2007)