Inclusão digital e meio ambiente são discussões diferentes, pelo menos na aparência. Na prática, elas podem ser íntimas e andar lado a lado. Nesta terça-feira (27/11), debates sobre os dois temas marcaram a programação da 6ª Oficina para a Inclusão Digital, que se realiza na capital baiana até quinta-feira (29/11).
Duas das atividades do dia trataram da reciclagem e recondicionamento de computadores. Em uma delas, a assessora de Inclusão Digital da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Cristina Mori, apresentou o projeto Computadores para a Inclusão, que tem o objetivo de recondicionar os computadores que as empresas doam para iniciativas de inclusão digital.
Na prática, recondicionar significa pegar computadores antigos, que geralmente têm suas capacidades reduzidas por causa dos anos de uso, implantar neles software livre – programa com códigos de segurança abertos, que pode ser manipulado por qualquer pessoa – e colocá-los no uso novamente.
“Se um equipamento for para a escola, e eles não souberem como mexer na máquina e aproveitar o máximo dela, provavelmente esse computador vai servir para peso de papel ou para menos coisas do que ele poderia”, explicou Cristina.
O trabalho é feito nos Centros de Recondicionamento e Reciclagem de Computadores (CRCs) que já existem em Guarulhos (SP), Porto Alegre (RS) e Gama (DF). O centro paulista se chama Oxigênio e, além de promover a inclusão digital, também ajuda na capacitação profissional de jovens.
“Eles aprendem uma função. Eles vão começar algo, na função de técnico, vão aprender a configurar a máquina, verificar o que pode dar de errado, e depois vão para o mercado de trabalho”, detalhou Carla Gianfrancisco, analista de Tecnologia da Informação do CRC Oxigênio.
Mas é de Etienne Delacroix o trabalho que mais chamou a atenção nos primeiros dois dias de evento. Ao transformar sucata em tecnologia, o físico belga faz o que considera "trabalho artístico” e um dos seus inventos está em exposição na entrada o Instituto Anísio Teixeira, onde se realiza a 6ª Oficina.
“O que interessa neste trabalho não é o produto final, mas o processo de aprendizagem coletiva”, explicou Delacroix. Ele acrescentou que o trabalho começou em Montevidéu, no Uruguai, há sete anos, foi para São Paulo e agora é desenvolvido na Universidade de Brasília (UnB), onde Delacroix também leciona.
(Por Morillo Carvalho, Agência Brasil, 27/11/2007)